segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Solidão Sem Razão



Sempre que devo esperar pela abertura de um sinal de trânsito para travessia de pedestres, bate aquela solidão irreparável, enquanto eu observo velhos e moços, pais e filhos, adultos e crianças, todos cruzando impávidos o caminho da morte que espreita silenciosa.

Algumas vezes eu meneio a cabeça em movimento de crítica e outras vezes acabo falando sozinho, baixinho, das minhas saudades do interior, das boiadas alheias cruzando caminhos poeirentos pelo sertão.

Raras, raríssimas vezes eu encontro companhia. A de outro dia era uma mãe temporã ou uma jovem avó, que mantinha segura pela mão a filha ou a neta, lá pela casa dos dez anos de idade. Ao sinal verde para nós, atravessamos em conjunto e, enquanto eu ouvia a senhora explicando razões para a mais nova, aproveitei para cumprimentá-la pelo exemplo, pela educação, mas fui interrompido por um motorista que já ia avançando sobre a faixa; parei e lhe mostrei o semáforo vermelho para veículos.  Só isso!

Aos pouquinhos vamos perdendo a capacidade de raciocinar ou nos esquecemos o caminho da lógica, porque queremos voar no tempo, mesmo que nada tenhamos a fazer nessa pressa sem razão.


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