quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Fantoches



Há pouco, à mesa do café, eu comentava algumas notícias de jornal e relembrava os tão comuns “laranjas”, que sempre pagam o pato em nome dos grandes infratores. Falava de laranjas, quando veio à minha memória a figura do gerente da tal empresa que administra os pátios de veículos apreendidos, aqui em Santos. 

Com certeza nunca virá a público o nome do dono ou dos sócios da tal empresa, mais provavelmente pelas possíveis ligações diretas com o poder.

Depois, por conta do comentário de minha companheira a respeito das dificuldades de garagem do prédio aqui defronte, eu contei um fato presenciado ontem, também em relação ao mesmo problema, em outro local.

Imagine-se o que será, depois que as centenas de espigões recém construídos ou em construção estiverem totalmente ocupados. Será o caos urbano em sua total extensão.

Onde o grupo supermercadista afirmava que não iriam construir mais um monstrengo de concreto - em lugar da sua loja - agora sairá um bloco de quarenta andares, na orla da praia santista.

Aí, já em tom de troça, eu analisava a malandragem que foram as tais "audiências públicas" para discutir as modificações nas regras municipais de ocupação do solo, promovidas pela Câmara Municipal da cidade.

Com a veiculação das audiências, datas e locais, mais a divulgação do prazo para as mudanças na legislação, as empreiteiras correram e protocolaram no afogadilho, quase duas centenas de novos projetos - dentro das regras (ou falta delas) antigas - que depois vão sendo corrigidos ao deus-dará. 

As propostas populares não foram atendidas, mas serviram para justificar o “alerta” e os prazos.

Nós, os tolos – pouco mais de duas dezenas de fantoches - ainda acreditamos que podemos colaborar para melhorar o mundo que nos cerca e acabamos participando da encenação, ao invés de ficar em casa lendo, escrevendo ou ouvindo música.

É, meu amigo (ele sabe a quem me refiro, porque era o único dos meus amigos a estar por lá), a idade vai chegando e nós continuamos crédulos...

Talvez, quem sabe, sejamos os bem-aventurados.

Já é um consolo!

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