terça-feira, 18 de outubro de 2011

Bar Del


Com um “ele” a mais teria até cara de computador, mas este local, com um “ele” só, tem outras ligações com a computação.

Santos oficialmente incentiva a recuperação da área central da cidade, a reforma das velhas construções, cujas marquises subsistem escoradas por pontaletes de eucalipto e espera, sempre e só oficialmente, que as empresas voltem a ocupar os espaços degradados.

Entretanto, real e extra-oficialmente, nada faz para colaborar com o fim do circuito das drogas e da prostituição à luz do sol.

Crédula, a empresa estrangeira alugou um conjunto de escritórios na zona central – o termo vem a calhar – e promoveu a mudança de suas instalações para a esquina da Praça da República com a Avenida Senador Feijó, num prédio com vidros espelhados, às vésperas de um final de semana e convocou os funcionários para, no sábado, ajudarem a organizar os seus novos locais de trabalho.

As duas jovens funcionárias, acostumadas a cumprir religiosa e pontualmente os seus horários, chegaram um pouco mais cedo e encontraram as portas ainda fechadas.

Como não haviam feito o desjejum, decidiram tomar o café da manhã num dos estabelecimentos na vizinhança. Aquele local simples, com mesas comuns e aspecto de limpeza, fez com que se decidissem por ele.

Entraram e se sentaram à espera do garçom, que não demorou a vir atendê-las, solícito e liberal. 

Apoiou-se na mesa e com muita naturalidade perguntou:

-As meninas são novas no pedaço?

Só aí, as duas ingênuas perceberam que o local era antes de tudo a ante-sala de um bordel.


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