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Alguns dos
moradores da nossa rua vão colocando apelidos nela, por conta da situação
sempre precária em que se encontra o calçamento, o asfalto.
Já foi chamada
de rua dos remendos, de praça de guerra ou zona de bombardeio e agora, depois
de mais uma sessão bianual de reparos precários anteontem, vem sendo chamada de colcha de
retalhos.
Remendos, tanto
os mais antigos quanto os mais novos sabem o que são, prescinde de explicações.
Praça de guerra
ou zona de bombardeio, por causa do nome da rua, que pretende homenagear um
soldado constitucionalista, nascido em São Vicente e morto em campo de batalha.
Sim, Pérsio de Queiroz Filho foi um combatente em 32.
Colcha de
retalhos, com certeza os mais jovens só sabem o que é, por ouvir falar; foi-se
o tempo!
Foi-se o tempo
em que as dificuldades financeiras, aliadas à criatividade das “avózinhas”, construíam
as colchas de retalhos de tecidos; pedaços recortados de forma simétrica e
costurados com o capricho e a maestria de quem sentia ter todo o tempo pela
frente e muito amor para compartir.
Algumas dessas
senhoras, que já não são as de hoje, tinham imensa habilidade com todo o tipo
de agulhas, fazendo costuras, cerziduras, crochê ou tricô.
Com a mesma
desenvoltura com que tricotavam casacos e outros agasalhos para filhos e depois
para os netos, essas avózinhas construíam as mais afamadas e desejadas “colchas
de retalhos” com sobras de lã, e o fruto desse trabalho amoroso iria recobrir
as camas com o calor da amorosidade e dos quadriculados multicores.
Sim, são somente
lembranças... Muito boas lembranças de épocas e de gentes de antigamente.
Carlos Gama.
30/04/2020
11:32:44