segunda-feira, 21 de maio de 2018

DE MOENDA DE CANA

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Uma grande parcela das obras públicas executadas em Santos (só posso falar daquilo que vejo) parece ter sido projetada e supervisionada por engenheiros de moenda de cana.

Algumas vezes, a vontade que se tem é a de usar de expressões mais adequadas para classificar essas “obras”, mas seria deselegante para com o eventual leitor.

Temos escrito sobre muitas delas e também sobre os tais “aditamentos contratuais” que as oneram sem promover qualquer melhora nos projetos.

Hoje, ao invés de tomar o VLT na estação Bernardino de Campos, decidi caminhar mais um pouco e pegar o bonde na estação Pinheiro Machado.

Apesar dos desvios da rota original, no trecho compreendido entre os canais 2 (Bernardino de Campos) e 1 (Pinheiro Machado) uma calçada larga permite que se caminhe à vontade e com segurança (até o ponto em que a via carroçável cruza os trilhos), quando a calçada simplesmente acaba e a travessia se faz por cima do "gramado". Depois volta-se à calçada que já não é mais tão larga mas permite que se transite com segurança. Entretanto, chega-se a um ponto onde ela simplesmente acaba, mas, para que se possa continuar a pé e cruzar a linha férrea, há que se caminhar pelo trilho já aberto no gramado e que vira um lamaçal em dias de chuva,

Depois desse trecho e dessa travessia, chega-se ao Canal 1 e, para cruzar a primeira das pistas da avenida, há que se adivinhar quando o semáforo fecha ou quando irá abrir, porque não existe qualquer sinalização para o pedestre além da faixa (o que não é incomum).

Feita essa primeira travessia, chega-se ao outro lado do canal e há que se dividir espaço com a ciclovia que o margeia, pois o espaço reservado para a espera pelo trânsito livre, mal acomoda três pessoas, lado a lado, em um pedaço de chão tomado ao capim que tanto agrada aos gestores e que em dias de chuva é lama pura.

É o que merecemos por nos calarmos, por votarmos de olhos fechados ou em quem nos indica o mantenedor do cabresto.

Carlos Gama.
21/05/2018

quarta-feira, 16 de maio de 2018

ACEFALIA

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Houvesse espaço adequado e suficiente na imprensa, para que os leitores pudessem se manifestar a respeito de questões de interesse comum ao meio ou à sociedade em geral, com certeza haveria aumento no consumo dos jornais impressos.

Essa é uma questão para os departamentos de marketing, quando eles funcionam!

Enquanto isso não ocorre, vamos fazendo uso dos meios ao nosso dispor e que, embora não tenham o mesmo alcance, podem suprir essa deficiência.

Há décadas eu insisto em falar na necessidade cada vez mais premente de radares fotográficos em todos os semáforos do país, mas seria também eficaz o aumento das punições (cassação temporária da carteira de habilitação e aumento das penas para quem conduzisse qualquer veículo automotor se a devida permissão legal), para que o resultado fosse realmente efetivo.

Para não cansar você que está lendo estas linhas, vou me ater somente às observações feitas entre ontem à noite e esta manhã, aqui, em Santos, onde a acefalia administrativa só tem feito crescer em todos os campos, ombreando-se com o que ocorre em boa parte do país, por conta do aumento assombroso e descabido do número de partidos políticos (eram 4 em 1982 e agora - e por enquanto - são 35) cujos interesses e integrantes têm de ser atendidos com cargos públicos em todos os níveis, fazendo desse “saco de gatos” uma metástase cancerosa dentro de toda a estrutura administrativa, moral e política.

Depois de toda essa digressão, se você ainda está por aqui, vamos aos fatos observados ontem à noite – em uma passagem de ida e outra de retorno, a pé, pelo cruzamento da Rua Dr. Carvalho de Mendonça com a Avenida Washington Luiz. Tentamos cruzar a primeira dessas vias por volta das 20 h e, depois, retornando por volta das 21 h; nas duas ocasiões, automóveis cruzaram a avenida principal com o semáforo fechado em ambos os lados do canal (há um pontilhão entre as duas pistas) em total desrespeito às mais básicas regras de trânsito e sem nenhum respeito à vida de quem transita a pé.

Isso é fruto da nossa deseducação, do momento de amoralidade intensa pelo qual passa o país e da total falta de fiscalização para o trânsito. A cidade conta com uma “companhia de engenharia de tráfego” que, naturalmente também passa pelo mesmo processo de acefalia que acomete todas ou quase todas as empresas de economia mista, estatais e paraestatais atopetadas de asseclas e correligionários sem nenhuma utilidade para o funcionamento de suas estruturas.

Hoje, pela manhã, dirigi-me ao Poupatempo e, louve-se, o atendimento é sempre de nível inatacável, quando não é excepcional como o de hoje, em um guichê da Prefeitura, com atendimento nota dez (não sei se há terceirização dos serviços, mas é bem provável!).

Saí daquele local e me dispunha a atravessar a via, em direção da Praça José Bonifácio, defronte da Catedral. Como não há indicação luminosa para pedestres naquele local de muito movimento, decidi esperar que o sinal abrisse para os veículos e fiquei aguardando o próximo fechamento para fazer a travessia. Semáforo vermelho para os automóveis que seguiam em direção da Rua Brás Cubas ou iriam entrar à direita na Rua Amador Bueno, mas vários deles transitaram assim mesmo.

Os pedestres? Ora, que se danem os pedestres!
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16/05/2018 13:15:11