quarta-feira, 24 de junho de 2020

Caixas Vazias

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Roncam alto os escapamentos abertos das motocicletas pelas madrugadas santistas;

Berros, zurros e cacarejos pelas esquinas, em meio a nuvens de fumaças muitas e vapores etílicos, entre outros;

Salas de som em porta-malas, ecoam através das janelas escancaradas de máquinas infernais;

Silenciam as “autoridades”...

Complementam a imagem dantesca de uma sociedade em franca decadência, jovens de todos os sexos que se agrupam em salões de boates, ao som ensurdecedor de batuques e tantãns, até que os dias de êxtase amanheçam ou algumas vezes terminem em um poste, em alguma esquina tranqüila qualquer...

Tolhidos pelo desamor, embriagados pela indiferença ou substâncias outras, os “responsáveis” dormem o sono dos “justos”, quando não se armam e lutam com eficácia para silenciar o apito dos navios que há décadas davam o tom da vida a uma cidade essencialmente portuária.

Tenta-se entender, mas não se pode imaginar o que ecoa nessas caixas vazias, assentadas sobre pescoços bovinos.

Carlos Gama.
24/06/2020 12:29:41

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Quarentena

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Quarentena, na área da infectologia significa isolamento. Sim, isolamento para evitar que as doenças em curso se propaguem com menor intensidade do que se tem visto. Vírus é doença? Não sei, pois não é a minha área, mas o que sei é que ele vem segando vidas às dezenas de milhares e os embates – especialmente os políticos - por causa dele tomam os rumos mais inesperados, deixando de lado os cuidados com a “infalível”, que se faz presente sem cerimônia, como é de seu feitio.

Afinal, essa senhora não manda recado e nem dá aviso prévio, mas muita gente não acredita e facilita, facilita...

Antepondo as questões econômicas e as políticas - através de uma manobra contábil - estão abrindo o comércio, mas o consumidor doentio não consegue esperar a hora certa ou as necessidades e vai invadindo em bandos as lojas que estão abertas, algumas vezes apenas para comprar um palito de fósforo usado.

O número de mortos cresce de forma progressiva e a impressão que se tem é a de que começará a faltar espaço nos cemitérios.

Não contentes com a liberação das atividades comerciais, muitos desses “desocupados” invadem as noites nas esquinas, sem máscaras e em “rodinhas” de fumo e de cerveja, Nessa hora fazem muita falta as rondas da Polícia Militar. Não, não é na periferia!

Voltaram os carros dos ovos e os caminhões de peixe, com o volume de seus alto-falantes ao máximo, tentando compensar o tempo perdido. Quem está trabalhando em casa através das redes e algumas vezes fazendo palestras acaba se vendo perdido com essas interrupções anormais.

Quem está emocionalmente desestabilizado – o que é comum – acaba trocando o dia pela noite e acaba se transformando em sonâmbulo.

Em resumo: estão faltando regras, fiscalização e punição.

Dane-se a política!

Ou seria "DANE-SE O POVO?".

Carlos Gama.
12/06/2020 14:02:02