quarta-feira, 24 de junho de 2020

Caixas Vazias

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Roncam alto os escapamentos abertos das motocicletas pelas madrugadas santistas;

Berros, zurros e cacarejos pelas esquinas, em meio a nuvens de fumaças muitas e vapores etílicos, entre outros;

Salas de som em porta-malas, ecoam através das janelas escancaradas de máquinas infernais;

Silenciam as “autoridades”...

Complementam a imagem dantesca de uma sociedade em franca decadência, jovens de todos os sexos que se agrupam em salões de boates, ao som ensurdecedor de batuques e tantãns, até que os dias de êxtase amanheçam ou algumas vezes terminem em um poste, em alguma esquina tranqüila qualquer...

Tolhidos pelo desamor, embriagados pela indiferença ou substâncias outras, os “responsáveis” dormem o sono dos “justos”, quando não se armam e lutam com eficácia para silenciar o apito dos navios que há décadas davam o tom da vida a uma cidade essencialmente portuária.

Tenta-se entender, mas não se pode imaginar o que ecoa nessas caixas vazias, assentadas sobre pescoços bovinos.

Carlos Gama.
24/06/2020 12:29:41

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