quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Alice

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Abro o jornal, Alice, e me deparo com mais algumas aberrações dessas já tão comuns nos dias de hoje.

Na literatura mais antiga, naqueles romances de antanho, o culpado era sempre o mordomo; agora, o culpado parece ser sempre o caseiro.

Ônibus assaltados nas barbas de todos; alunos e instrutores de auto-escolas vítimas dos mesmos crimes; cidadãos mortos em troca de aparelhos celulares que irão atender o mercado de consumo nas prisões; idosos e não idosos atacados para que correntinhas, pingentes, alianças e anéis supram as necessidades de mercado dos escritórios de compra de ouro; estabelecimentos comerciais assaltados para que se atenda a demanda nas feiras-de-rolo; bandidos enfrentam e atacam abertamente os agentes da lei, fazendo com que algumas situações se invertam e, ainda assim,  o Secretário de Segurança tenta mistificar a insegurança nossa de cada dia, mesmo diante do quadro caótico de assaltos e de homicídios que a imprensa vai noticiando todos os dias.

O alcaide santista, como todo e qualquer outro senhor plenipotenciário -  desses que pelo Brasil abundam e procriam - decreta a transformação de “concessão de uso de bem público” em propriedade privada e, assim, transmissível de pai para filho. Um verdadeiro negócio de pai para filho ou um acordo de compadrio...

O prefeito não é burro; ao contrário, é bem inteligente – a seu favor, como político – pois doa um bem público, construído em área também pública e sabe que o Ministério Público terá de intervir, ficando com o ônus da aplicação da lei, como já vem se tornando comum.

Seus antecessores fizeram escola na área e deixaram herdeiros...

É, Alice, o País das Maravilhas era outro; este, aqui é o de Dona Candinha ou de Mãe Joana.
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