quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

A Realidade

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A realidade é sempre muito mais complexa, que as imagens que nos fazem criticar apenas o mau funcionamento da estrutura pública.

O estado crítico em que se encontra a sociedade brasileira é fruto de um conjunto de desmandos que foram se enraizando através de décadas e décadas de desserviço público, especialmente na área da educação e, depois, na permissividade que passou propositadamente a fazer parte do quadro da politicagem instituída.

Durante duas décadas investi tempo (quase todo) e dinheiro na estruturação, na manutenção e na atualização de conteúdo de alguns sítios na internet, com a finalidade de chamar a atenção do conjunto social para o que vinha ocorrendo, mas os frutos desse plantio não encontraram mercado consumidor, pois a verdade parece não interessar à maioria, especialmente em razão da deseducação implantada com eficácia e do individualismo que também parece crescer de forma desordenada.

Houve uma mutação de valores dentro de um processo muito rápido, “bem” estruturado e que levou a maioria da sociedade a valorizar abertamente o “ter” em total detrimento do “Ser”.

Deixamos a percepção da realidade imutável da vida – o espaço entre o encarne e o desencarne – para irracionalmente passarmos a acumular bens materiais que serão deixados para trás no momento do retorno inevitável. Esse acúmulo, que foge à racionalidade, seria menos pernicioso se, ao promovermos tal processo, não estivéssemos deixando a descoberto as muitas carências que afligem o nosso semelhante e são caminho certo para o desequilíbrio social e para a insegurança que finalmente tira o nosso sono e a nossa paz interior.

Feitos esses prolegômenos, gostaríamos que o leitor nos acompanhasse durante a explanação do objetivo original, que é a análise de muitos dos pequenos problemas que se acumulam no dia-a-dia, por conta da inação do poder público e da ação predatória levada a efeito pela maioria do conjunto.

Fazendo parte de um grupo (organização independente) que tenta mostrar as falhas estruturais na sociedade local, tenho sido estimulado a continuar evidenciando os pontos onde são urgentes as correções, pois elas nos parecem mais fáceis do que realmente são e, para exemplificar citarei alguns exemplos observados no dia de ontem. Apenas no dia de ontem, em duas saídas de casa.

Depois de acionada a Ouvidoria Municipal, na tentativa de solução do problema de “impedimento ao trânsito de pedestres” em muitas das calçadas da cidade, percebe-se que a questão vai muito mais além, tanto na competência – que também é do Estado – quanto na responsabilidade pela ocorrência, pois envolve os comerciantes - que lucram com o abuso e com seu silêncio cômodo – e especialmente os usuários desses locais, pois demonstram não terem qualquer noção de respeito ao semelhante e muito menos ao que é de uso público (alguns “orientadores” educacionais colaboram).

Com esse assunto ainda fervilhando no cérebro, fui até a feira da Rua Cunha Moreira. Na volta, ao iniciar a travessia da Avenida Senador Feijó (com o bonequinho extraterreno em evidência), um táxi cruzou a faixa de pedestres, fazendo de conta que o pequeno marciano não existia. Anotei a placa e prossegui. Na Avenida Washington Luiz fiquei aguardando uma chance de atravessar na faixa de pedestres, mas o fluxo era contínuo e a tal “Faixa Viva” é a hora da morte. Por fim o fluxo parou, por impossibilidade de prosseguirem, mas a faixa ficou impedida por um automóvel atravessado sobre ela. Decido esquecer o motorista da infração anterior, pois não se tem lógica ficar tentando fazer chover no molhado.

Depois do almoço assisto a uma excelente palestra sobre os temas importantes da vida e que culmina com exemplos sobre a prática do perdão.

Acompanho uma das participantes até uma agência bancária próxima, pois ela tem alguma dificuldade de locomoção. Seguimos pela Avenida Conselheiro Nébias e, ao chegarmos no cruzamento com a Avenida Francisco Glicério, notamos que um idoso, conduzindo um triciclo motorizado, iniciou a travessia quando o “marciano” estava ausente. São apenas exemplos; poucos dentre inúmeros e cada vez mais constantes.

Logo depois, já do outro lado da avenida transversal, aguardávamos sinal verde para a travessia da Avenida Conselheiro Nébias, em direção da agência bancária que fica ao lado de uma farmácia de esquina.

Dentro da programação que privilegia as máquinas, em detrimento dos pedestres, o sinal fechou para os veículos que transitam pela avenida principal, mas abriu imediatamente para os que vêm pela transversal e também fazem conversão à direita em direção da praia.

Quando o sinal verde se abre para a travessia do pedestre, ele chega ao canteiro central e apenas inicia a travessia da outra faixa, quando o semáforo é aberto novamente para o trânsito de veículos e o casal de pedestres (ambos já passados dos setenta) fica tolhido entre duas faixas de veículos em movimento. Sensível ao problema, um motociclista parou o seu veículo e com ele todos os que o seguiam, permitindo que o casal de idosos pudesse concluir a travessia.

Conclui-se:

Será que vale a pena tentar mostrar o que é tão evidente?

Carlos Gama.
12/12/2019 13:34:33

domingo, 8 de dezembro de 2019

Santos, Uma Cidade Turística

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Santos indiscutivelmente é uma cidade turística, mas é preciso fazer entender aos que a administram, que eles não podem fazer parte desse grupamento, que eles estão aqui a trabalho e são remunerados através do erário, para que exerçam as suas atividades funcionais.

Recebemos hoje a cópia de uma mensagem do Grupo da Família e Cidadania e também da ONG Amigos de Santos, dirigida às autoridades constituídas, solicitando providências para alguns dos muitos problemas que afligem a população da cidade e também aos turistas que para aqui se dirigem. O conteúdo dessa mensagem é o mesmo de muitas outras que se repetem no tempo e nas cartas aos jornais locais, sem que as soluções sejam levadas a cabo.

Já houve uma pequena redução no número de motocicletas com escapamentos abertos, mas uma enorme parcela desses veículos continua da transitar de forma perigosa e sem nenhum respeito às regras e aos sinais de trânsito, e isso ocorre por estrita falta de fiscalização, além da carência de educação para a condução desse meio de transporte. Agora, quando a fiscalização dos estacionamentos regulamentados já não exige tanto do efetivo de agentes da CET, ainda não se sabe por onde eles andam;

Proibida por lei, a caça aos corruptos (não aqueles que gostaríamos fossem caçados e cassados) continua abertamente nas praias da região. Esses crustáceos, que são responsáveis também pela ajuda na despoluição das praias, continuam vítimas do predador humano e seguem em acentuado ritmo de redução da espécie;

O uso abusivo de som em altos volumes continua nos estabelecimentos comerciais com portas abertas, nas extensões que avançam pelas calçadas e, ainda, nos veículos automotores que não sofrem fiscalização alguma. Não bastassem essas práticas, a própria prefeitura, monta as barracas nas praias nos períodos de férias e as caixas de som ficam direcionadas para o lado da avenida e para os prédios da orla, ao invés de serem direcionadas para o lado do mar, evitando parte do incômodo gerado;

A estação rodoviária da cidade, que merecidamente é também alcunhada de "terminal" de ônibus interurbanos, continua ao deus-dará (confirmei ainda nesta tarde), com os pobres viciados em substâncias entorpecentes de maior efeito danoso, circulando entre os cidadãos que aguardam embarque ou ali desembarcam, vindos de outras regiões. O único representante do poder público, presente no local, era um agente da CET (um único, solitário e ativo) orientando o trânsito no entorno;

Outro dos problemas que continua sendo posto de lado e gerado inúmeras manifestações de repúdio, é a interdição da avenida da praia para eventos de toda ordem... Ordem?

As calçadas, mal cuidadas e ocupadas de forma inadequada ou proibitiva, já foram assunto do texto anterior, mas reiteramos o pedido de solução urgente e de fiscalização permanente.

Carlos Gama.

08/12/2019 20:58:20




sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

"i" Mobilidade Urbana

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Mobilidade urbana é o assunto do momento e o ponto alto de alguns encontros com autoridades de várias regiões do Estado, para comentarem e discutirem os problemas da área.

Todavia, no último desses encontros - ao qual também estive presente -, a única autoridade a abordar o tema com a amplitude necessária, foi a diretora executiva da Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem), a engenheira Raquel Chini.

Em sua abordagem dos problemas de mobilidade urbana, a diretora da Agem foi quem se lembrou do elemento principal: o ser humano. Sim, foi ela quem se lembrou do cidadão como pedestre, esse elemento esquecido e que acaba sendo a maior vítima direta dos problemas da mobilidade urbana. Ao levantar a questão das calçadas mal cuidadas e dos riscos que correm os transeuntes – especialmente os de mais idade – ela tocou em uma ferida que a maioria das autoridades e a imprensa em geral procuram deixar à sombra do comodismo, da politiquice ou do descaso.

Todavia, ainda que tenha sido abordado o problema das calçadas sem conservação, ficou faltando tocar em um ponto crucial do problema, que é a ocupação desses espaços de forma inadequada, seja por locação municipal, seja pelo uso e abuso ou pela falta total de fiscalização por parte de todos os organismos responsáveis pela integridade do cidadão que os sustenta a peso de ouro.

A responsabilidade pelos passeios públicos é do município, mas a fiscalização sobre os atos falhos do gestor municipal e que muitas vezes geram acidentes e conseqüências danosas ao cidadão, também é parte da atividade do Executivo Estadual através do Ministério Público... Quando existe!

Está na hora de despertar os órgãos de imprensa e as autoridades para que sejam abordados com a devida clareza e realismo os problemas da “imobilidade urbana”.

Sim, a “IMOBILIDADE URBANA” é uma realidade claramente visível nas calçadas com passagem impedida por mesas, cadeiras e até por churrasqueiras, que obrigam os caminhantes a usarem os leitos carroçáveis com risco das próprias vidas, enquanto os “responsáveis” fazem vista grossa para essa triste realidade.

Carlos Gama.
06/12/2019 09:59:45

* Dentre os temas discutidos nesse último "encontro" acima mencionado estava o VLT em sua segunda fase (com traçado mais que discutível, mas que não mereceu nenhum destaque ou análise sobre o trajeto mais correto, mais racional e mais econômico, que seria o prosseguimento em linha reta do atual estágio, pelo porto), que a imprensa agora nos alerta que será retardado...

* No mesmo matutino, hoje, quando se fala em mobilidade urbana, trata-se do recapeamento e do alargamento de ruas nos morros da cidade, quando o que deveria estar sendo discutido (por ser mais racional e uma solução definitiva) seria o túnel interligando o coração da cidade de Santos com a sua Zona Noroeste e as principais rodovias, mas...

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Acefalia

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Não é de hoje que se vem notando a acefalia na gestão da cidade, fato que não se percebe quando o interesse de alguns grupos se impõe e se sobrepõe à lógica, quando não em atropelo às mais básicas regras de moralidade administrativa.

Mas, deixemos para outro momento as questões da Ponta da Praia, da área de manobras da extinta Estrada de Ferro Sorocabana e do traçado do V.L.T. para enveredarmos pelas calçadas da cidade.
Calçadas que, depois do projeto de simplificação dos pisos, vivem esburacadas e atravancadas pelo uso incorreto desses espaços que deveriam servir ao pedestre, mas que são ocupadas por mesas, cadeiras, carrinhos de pastel, de churros e por churrasqueiras.

Sim, esses espaços são usados para outros fins – muitas vezes impedindo a passagem do pedestre, que deve usar o leito carroçável – porque a prefeitura os aluga ou negligencia a fiscalização quando não há permissão de uso.

Além do impedimento de passagem, na maioria dos casos, os usuários desses locais promovem algazarras constantes, sem nenhum respeito aos limites de volume de som e nem aos horários de descanso dos cidadãos que trabalham e pagam seus impostos, para sustentar uma máquina administrativa capenga e ineficiente.

Carlos Gama.
27/11/2019 14:08:46
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domingo, 24 de novembro de 2019

A Vida

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Uma pequena vila liga a rua esburacada à avenida que margeia um dos velhos canais da cidade. Ao longo desse correr de casas viviam duas pitangueiras produtivas que enfeitavam de cores, brindavam com seu aroma o entorno e faziam a alegria das crianças, dos sanhaços e de outros viventes despertos.

A insensibilidade humana decidiu e o silêncio comum permitiu que ambas fossem cortadas rés ao chão. Dói o coração!

No fundo do quintal da Pinacoteca, em companhia de uma caramboleira e de uma jaqueira, outra pitangueira sobrevive altaneira, enchendo de prazeres o nosso olhar e o estômago dos pequenos alados que por ali ainda revoam.

A luta entre o bem e o mal é parte da história do homem, mas o primeiro haverá sempre de vencer e nos garantir a sobrevivência.

O encontro fora adiado, mas o desejo pelo café acabou conduzindo o homem até aquele trecho tão querido; uma querença que sobrevive na simplicidade já antiga daquele conjunto de lojas de roupas, barbearias, doçarias e cafés, que fazem o agrado das gentes novas e mais ainda das antigas, como ele.

O livro aberto foi sendo folheado aos poucos e os aforismos escritos há tanto tempo iam sendo relembrados, o olhar vagueava também pelas cercanias sem se deter em excesso nas jovens mães com os bebês em seus carrinhos, na dupla de amigas concentradas no tema da conversa ou em um ou outro homem desacompanhado, quase como ele...

O sol descaindo no azul já esmaecido dizia ser hora de retornar a casa.

Na espera, diante do semáforo vermelho, persistia a dúvida sobre voltar a pé ou tomar um ônibus; a preguiça falou mais alto. Cruzou a Oswaldo Cruz e em seguida a Lobo Viana. Alguns metros adiante, uma senhora apoiada em sua bengala deixava que o seu olhar se perdesse entre a ramagem da árvore antiga. Passou por ela com cuidado, naquele reduzido espaço entre o canteiro e o muro do prédio de três andares. Pouco mais de dez passos dados e ele retorna para conversar com ela, pois percebera durante a passagem, que naquele canteiro havia também uma árvore de menor porte e que era nela que se concentrava a atenção da senhora. A similitude de energias sempre facilita o contato. O pé de acerola, que já dera o primeiro fruto, fora plantado pelo faxineiro do prédio onde ela reside; no canteiro seguinte, uma laranjeira chegara pelas mesmas mãos. No outro lado do muro, uma amoreira ainda virgem tivera os seus cuidados e ao lado percebia-se uma pitangueira, que ela mesma também plantara. Depois da despedida ele prossegue na direção do ponto de parada de ônibus, não sem antes se deter alguns segundos para olhar e perceber que a sacada da sala do apartamento do velho amigo agora estava envidraçada.

Não demorou muito para chegar em casa para o almoço; passava das seis da tarde.

Estômago cuidado, louça lavada e enxuta, era hora de pegar o guarda-chuva – nunca se sabe! – e se encaminhar para a reunião das sextas-feiras.

Atravessa a vila, chega ao canal e dali os passos prosseguem em direção da linha da máquina... Envereda pela Barão de tão boas e antigas lembranças e ao se aproximar da pitangueira amiga, percebe-a mutilada, galhos partidos chegando até o chão. Apenas um crime a mais!

Sentiu todo o seu desalento, quando por ela passou. Pensou então no pesar de todos aqueles que devotam amor ao outro e têm certeza que todos os irracionais, animais e vegetais, também sofrem dor e tristeza.

Carlos Gama.
26/10/2019 15:09:14
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sábado, 2 de novembro de 2019

No Mundo da Fantasia

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Acentua-se a cada dia o faz-de-conta entre os gestores e o povo da nossa cidade. O poder público diz que faz, o cidadão faz que acredita e vamos sobrevivendo em meio ao caos enraizado.

Vamos sobrevivendo aos tropeços nas calçadas esburacadas, vamos escapando (quando dá!) dos riscos de atropelamento, especialmente nas “faixas de segurança” e continuamos fazendo de conta que está tudo bem e que a nossa cidade é o paraíso dos idosos. Sim, num ponto ela é mesmo: na chanura de sua topografia natural.

Eu gostaria de sugerir (se é que pode lhes interessar) aos canais de televisão - que exploram a curiosidade e a morbidez humanas, divulgando cenas de acidentes fatais - que colocassem uma câmera 24 horas em um ponto estratégico da cidade, para mostrar o respeito que têm alguns motoristas, motociclistas (dos ciclistas nem se fala!) pelos transeuntes, nas faixas de pedestres onde haja um semáforo ou até em cima das calçadas.

Poderia ser no início da Rua Galeão Carvalhal, ali no Gonzaga, bem juntinho da Praça da Independência. Uma câmera colocada em posição estratégica, de forma o mostrar o semáforo, a faixa de travessia e os veículos que por ali transitam.

Com certeza serão inúmeras as cenas de tentativa de homicídio e de suicídio gravadas por esse olho mágico, do qual a prefeitura reluta em fazer uso, pois vai mostrar a realidade e a inércia dela própria.

Haverá cenas inusitadas, se por ali passar algum agente da CET, da Guarda Municipal ou da Polícia Militar e, olhe que é o coração do Gonzaga.

O canal de televisão que se dispuser a fazer uso desta sugestão, naquele ponto poderá captar caminhão transitando na contramão de direção, motocicletas saindo do estacionamento da praça e enveredando pela calçada, para adentrar a Rua Galeão Carvalhal, isso quando não vierem pelo passeio dessa mesma via, em direção da Praça da Independência. Poderá flagrar também todo o tipo de veículo automotor cruzando o semáforo aberto para pedestres ou vários desses – alguns empurrando carrinhos com bebês – também atravessando no vermelho.

Carlos Gama.
02/11/2019 23:36:35
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quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Os Privilégios

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Enquanto sustentamos as nossas falsas pretensões de "salvar o mundo" ou o país, damos total apoio - até com o nosso silêncio cômodo ou covarde - ao crescimento descabido ou desarrazoado dos privilégios que contemplam, sem qualquer justificativa válida, alguns grupos em detrimento da maioria.

Hoje, com a facilidade das comunicações, toma-se conhecimento da concessão de uma série de vantagens indevidas, especialmente para os que sobrevivem da sinecura ou se abrigam à sombra falsa das normas que dão ares de legalidade a concessões que beiram a imoralidade. Em muitos desses possíveis exemplos já não subsiste qualquer diferença entre o legal e o imoral.

Eleita pelo voto popular, uma enorme parcela de seus representantes pouco mais faz que atender aos seus próprios interesses ou aos dos grupos que sustentam a sua permanência, de uma forma ou de outra, e é por esse caminho tortuoso que se criam regras de valor ou de moral discutível, regras que abrem espaço para que o legal atropele o justo e crie esse vácuo silencioso que permite ou aceita todos os desmandos que grassam país afora.

Não, não estamos falando do que voga nas casas legislativas mais distantes, nem mesmo no planalto central, estamos analisando o que vem ocorrendo debaixo dos nossos narizes e que tristemente comprova termos perdido até o sentido do olfato. Isso se confirma, quando um único representante popular questiona ações parcialistas e discutíveis, emanadas do executivo local ou quando metade dos membros da casa de leis vota favoravelmente à concessão de privilégios ao funcionalismo municipal, sem que para isso existam razões outras, além do interesse em angariar apoio para a sua sobrevivência no veniagar que tristemente vem caracterizando a representatividade popular.

Carlos Gama.

16/10/2019 10:54:43


* Esta análise tem por base a aprovação do PL 234/2018, de autoria do vereador Sérgio Santana, que concede “meia-entrada’ ao funcionalismo público municipal em cinemas, teatros, shows e outros eventos culturais ou de entretenimentos realizados no município de Santos.

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

A Nova Escola Americana e o "Entorno"

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Tinha ouvido um ou dois comentários sobre a possibilidade de aquele terreno - para onde estava programada a ereção de três torres e também privilegiado pelo desvio do traçado do VLT - agora abrigar uma unidade da Escola Americana.

Encanta-nos a proposta em primeira análise, mas começam a surgir as nuvens naturais no céu santista, nuvens densas e antevistas por quem por ali transita com freqüência quase diária e pode observar com triste clareza o ambiente vicioso que cerca aquele trecho da cidade. Não, não é o único e nem o pior, mas ainda assim somente as imagens e os exemplos serão perniciosos para as crianças que por ali transitarem a caminho da escola ou na volta, mesmo que seja de automóvel.

Maus exemplos não faltam.

Não espere pela descrição do ambiente, pois tenho feito isso até em excesso. Quem ainda não conhece o local onde se entorna uma parte dos jovens alunos da universidade, que procure passar por ali durante a manhã e aspirar os vapores etílicos que emanam da calçada defronte, das mesas e das garrafas que sustentam os prazeres e vão minando o futuro dos jovens doutores. Quem preferir transitar à noite, especialmente nas sextas-feiras, também poderá encontrar um ou outro mestre acompanhando seus pupilos, enquanto a passagem dos transeuntes é barrada sistematicamente, levando-os compulsoriamente a transitarem pelo leito carroçável.

Carlos Gama.
04/10/2019 10:35:58
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sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Quem é Quem?

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Nas calçadas, os buracos se multiplicam e se aprofundam no descaso crescente do (di) gestor da coisa pública.

Pelo mesmo caminho vão as cavernas nos leitos carroçáveis, onde as molas se quebram, onde a água empoça e dali se espalha pelas roupas dos passantes, quando passam os veículos conduzidos pelos desatentos e pelos desrespeitosos.

Nos pontos de parada de ônibus, então, é que as covas mais se entranham e de onde sai em jatos fartos, a água suja que banha aqueles que aguardam nas calçadas ou nos abrigos meia-boca...

O dinheiro escoa pelas frinchas dos cofres públicos, sem que se veja a contrapartida daquilo que se paga e se sustenta...

Em momentos assim, já tão comuns, é que se pergunta quem é quem nessa terra de ninguém?

Carlos Gama.
27/09/2019 17:41:12

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Obremus

* Termo de abertura do dicionário latino do político brasileiro.
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Colocamos em destaque, hoje, uma nota publicada no jornal Boqueirão News, na coluna de Jairo Sergio de Abreu, a respeito da Nova Ponta da Praia...

Com o título “Perigo na pista”, ele alerta sobre a falta de recuo (área de abrigo) para os pedestres que deverão embarcar ou desembarcar na nossa antiga "Ponte dos Práticos".

Segundo a informação, os usuários das embarcações que ali aportam (a passeio ou para a travessia de todos os dias) ficam à mercê da sorte, dentro da área da “nova” ciclovia, pois não houve previsão de um espaço físico para acolher os usuários daquele local e dos serviços ali prestados.

Ah, velha engenharia de moenda de cana!

Carlos Gama.

16/09/2019 11:18:26

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Através da edição de outro jornal, hoje, soubemos que existe um pedido de tombamento do mercado do peixe e que deverá ser analisado nos próximos dias...

Com tanto de bom, de lógico e histórico para ser preservado, andamos militando em “obra” equivocada.

Foi o que aconteceu com o tombamento anômalo e injustificado, da casa que fica quase defronte da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da cidade, na Avenida Conselheiro Nébias.

Carlos Gama.
17/09/2019 14:46:44

sábado, 14 de setembro de 2019

A História se Perde na Falta de Memória

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Sim, a nossa história vai se perdendo pela falta de memória e especialmente pelos interesses nem sempre muito claros que envolvem a morte de unidades escolares notáveis, colégios que marcaram época e que vão se transformando em caminho para enriquecimento de alguns infelizes, que não têm percepção da responsabilidade e muito menos das conseqüências de seus atos, diante do trajeto pedregoso escolhido pelos seus espíritos.

O Colégio Santista, referência escolar e secular de Santos, em uma manobra ainda não bem compreendida por leigos, como eu, passou a ser mais uma escola pública nas mãos da administração municipal, onde tudo parece fenecer em curto prazo;

Fechada há longo tempo, a Escola Acácio de Paula Leite Sampaio continua apenas uma edificação abandonada pelo descaso e pela inércia do gestor da coisa pública;

Esboroam-se pela inação criminosa do poder público e de seus herdeiros, os edifícios que compõem o Instituto Dona Escolástica Rosa, localizado em área nobre, na orla de nossa cidade;

Sabe-se agora, que entra em fase de fechamento definitivo o Colégio Coração de Maria, marco de um período centenário na história da educação do povo santista.

“À pátria ensinei a caridade e a liberdade” - o lema permanece no brasão da cidade, mas parece que somente ali, pois a caridade vai sendo feita em benefício próprio de alguns poucos e a liberdade navega solta pelos mares bravios da perdição moral.

Berço de homens ilustres e terra de patriotas, infelizmente a nossa cidade hoje caminha a passos largos para acabar sendo reconhecida, em futuro próximo, como o túmulo da cultura e da história.

Carlos Gama.
14/09/2019 10:35:40
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terça-feira, 10 de setembro de 2019

Instituto Dona Escholastica Rosa

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O jogo de empurra pelo qual passa o Instituto Dona Escolástica Rosa, é uma clara demonstração do desinteresse público pelos bens que ficam aos seus encargos ou ao de instituições de benemerência que as tenham aos seus cuidados ou sob sua posse. 

A situação aberrante e o abandono por que passa aquela instituição, raia o sem-vergonhismo e supõe-se até a ação de interesses escusos dos que deveriam ou poderiam fazer alguma coisa para mudar o quadro de abandono em que se encontra o secular imóvel, originariamente doado para que ali fosse erigida e mantida uma instituição de ensino, destinada aos desvalidos da fortuna. Todavia, parece que dela se valem os desassistidos pelos princípios da moralidade e que silenciam comodamente enquanto, quiçá, são tramados os lances que talvez levem ao uso indevido de parte desse patrimônio material, localizado em área nobilíssima e sobre o qual descem os olhos rapinantes dos corvos insaciáveis que o espreitam por todos os lados.

Esperemos das autoridades que ainda militam na senda da seriedade funcional as devidas e necessárias providências, para que a sociedade não vá se arrepender em momento tardio.

Carlos Gama.
10/09/2019 18:53:59
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domingo, 25 de agosto de 2019

Sobre a Privatização do Porto de Santos

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Fica muito clara no atual governo a intenção de privatizar a maioria das empresas públicas, mas não parece a nós – povo – que os estudos estejam sendo feitos com a temperança que o tema e os interesses nacionais exigem, pois a nova gestão do país tem apenas alguns meses e se perde enredada em questiúnculas que não ajudam a pensar o futuro da nação.

Não é fácil e muito menos simples o combate aos desmandos, aos privilégios e aos vícios centenários que se arrastam no tempo e se sustentam nos hábitos e nos interesses muitos e de muitos.

O atual governo se dispôs à guerra necessária e urgente, demonstra coragem, mas está se perdendo na falta de tática, esse elemento essencial para que a vitória seja alcançada com sabedoria, pouco a pouco, batalha por batalha... Lançamo-nos no campo de luta com fúria insana, de olhos vendados e - como país - poderemos acabar dizimados pelo universo dos inimigos internos e externos que vão surgindo no trajeto, na falta de serenidade e na ausência do silêncio essencial para que esses adversários do país possam ser vencidos também pela surpresa.

Esses prolegômenos se faziam necessários e, agora, vamos ao Porto de Santos, que cresceu sob uma administração privada, fez prosperar as cidades em seu entorno, mas acabou nas mãos do governo, sendo corroído pela usual má administração, pelos interesses escusos, pelos desvios de toda ordem e pela corrupção impune que, com freqüência descabida, macula a gestão dos bens públicos.

As atividades portuárias, bem como as áreas adjacentes aos portos, são essenciais para a manutenção da segurança e vitais para a efetiva condução dos interesses de um país e não devem, de forma alguma, deixar de estar sob a gestão e a proteção do Estado.

Todavia, para que não se caia e se continue na vala comum dos desmandos, da irresponsabilidade gerencial e na impunidade que propicia e sustenta todos os crimes contra o erário através dos séculos, urge que se criem mecanismos legais de controle, somados a uma rígida e efetiva punição aos crimes cometidos contra o patrimônio público e essa parece ser a parte mais difícil da jornada, pois acaba encontrando dificuldade para prosperar, enquanto a estrutura estatal está carcomida, permeada pelos vícios e pelos crimes que se tornaram prática comum.

Para sustentar a nossa condição de país próspero e independente, não podemos mais continuar reféns do crime organizado - fora e dentro da estrutura do Estado - e para isso é essencial que se criem e se aprovem medidas rígidas para garantir o nosso futuro, protegendo a nossa estrutura e a nossa soberania.

Carlos Gama.
25/08/2019 12:00:06


* Salve o Dia do Soldado!
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quinta-feira, 25 de julho de 2019

Administração Compartilhada

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O título está correto, o que não está certo é o compartilhamento das vagas na administração pública, sem que isso gere resultados positivos ou a justa contrapartida pelo muito que acabam recebendo do erário.

Essa é uma prática que se arrasta no tempo e na história, mas foi-se o tempo em que a nossa (deles) rês pública abrigava três ou quatro partidos políticos, com os quais o “apoiado” deveria compartir a gestão da coisa pública (quando se fala em gestão da coisa pública, fala-se especificamente de dinheiro, de ministérios, de secretarias e das milhares de vagas também em empresas estatais e paraestatais onde se acomodam, parentes, aparentados, amancebadas e seus frutos); hoje são trinta e três desses grupamentos de chupins e, segundo dados do TSE divulgados no ano passado, há setenta e três outros postulantes a essa condição, já em fase de análise.

Imagine-se o caos e a impossibilidade de gestão séria da estrutura, dentro de um quadro-negro como esse.

Em razão disso e de muitas outras quizilas que acompanham naturalmente a administração pública, é que vemos situações ininteligíveis como a do abacateiro que destrói o passeio e barra a passagem de pedestres pelo local - no Bairro da Ponta da Praia - sem que a prefeitura consiga dar um jeito na coisa...

Os carros de som dos vendedores de qualquer coisa (ovos, roupas, peixes, frutas e outros produtos) infernizam a audição e o sossego dos que pagam impostos escorchantes, sem que a administração pública consiga ou se interesse por fiscalizar.

Quando a Ouvidoria (que deveria ser os ouvidos do alcaide, mas acaba sendo apenas as orelhas) consegue acolher uma denúncia e dar o devido retorno, essa resposta é um acinte e não passa de uma caricatura da realidade.

Carlos Gama.
25/07/2019 20:53:46
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terça-feira, 23 de julho de 2019

Acadêmicos da Cerveja

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Cresce a cada dia o número dos jovens que trocam as salas de aula nas universidades pelos balcões e pelas mesas de bares, onde logo cedo (sim, ainda pela manhã) se iniciam ou se aprimoram no hábito de consumo das bebidas alcoólicas.

O alcoolismo na maioria das vezes é a porta larga de entrada pelo caminho dos vícios mais variados e deve ser desestimulado a partir de casa, do seio da família, mas é um mal a ser combatido de forma persistente também pelos Poderes do Estado.

Aqui, em Santos, a legislação municipal tem procurado inibir, ainda que de forma débil, o acesso aos bares, aumentando o limite de distância permitido entre as universidades e esses locais, mas o que se vê ocorrendo é a abertura de novos antros, a pouco mais dos trezentos metros especificados.

Pouco antes do início das férias escolares, escrevi uma carta a um dos jornais da região – infelizmente, o único que mantém espaço para manifestação dos leitores -, quase em tom de crônica, abordando uma cena muito triste, observada em um ambiente desses, onde a passagem dos pedestres era barrada pelos nobres estudantes, algumas vezes contando com a companhia daqueles que provavelmente, em aula, lhes dão vagas noções sobre o direito de ir e de vir.

O alcoolismo é uma doença degradante, de difícil combate e, como lembrado acima, é porta de entrada para outros vícios, alguns deles ainda mais mortais.

É preciso que as autoridades, os pais, os professores e até os orientadores religiosos se unam nessa luta contra esses males que corroem as famílias, degradam as profissões e assoberbam o Estado com o atendimento, mesmo que falho, aos dependentes de substâncias inebriantes.

Carlos Gama.
23/07/2019 20:12:01
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domingo, 14 de julho de 2019

Engodando

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A realidade tem mostrado claramente e persiste em nos fazer ver sempre a política como a arte do engodo, além naturalmente dos conchavos usuais para atendimento de interesses privados.

Esta afirmativa tem pleno sentido, e quem queira confirmar basta observar com um mínimo de atenção o que se passa mais perto de nós, em nossa cidade ou nas questões de real importância para a sua população.

Há mais de cinco décadas se arrasta pelas sombras das maquetes, de seus custos e das promessas politiqueiras, a ligação entre as cidades de Santos e de Guarujá. Agora, depois de algumas décadas de desinteresse pelo mesmo povo apático que os elege, reelege e mantêm, um político ou dois se destacam do bando e têm procurado se interessar pela reativação temporária dos trens de passageiros ligando novamente a nossa cidade à capital. Sim, seria uma ligação temporária, porque funcionaria apenas nos finais de semana, para atender o turismo, mas mesmo assim, aqueles que se adonam do poder parecem não ter intenção efetiva de levar avante tal projeto.

As concessões são feitas, os contratos firmados, mas o seu cumprimento morre na escuridão da imoralidade política e dos interesses escusos, como aconteceu com a promessa de reativação da linha férrea ligando a Baixada Santista ao Vale do Ribeira porque, afinal, o que interessa aos exploradores das concessões públicas é o filé mignon de cada uma delas e aos concessores as rebarbas dos mesmos banquetes indecentes, em detrimento do interesse público.

Ainda que nada tenha a ver com o senhor, monsieur de Gaulle, este é o país que pretendemos seja tido como sério... Oxalá, algum dia!

Carlos Gama.                                                                                                 
15/07/2019 00:08:44
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terça-feira, 2 de julho de 2019

Quem Faz o Quê?

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Eu gostaria de saber quem faz o quê - na administração pública de nossa cidade e - pela cidade.

O que alguns fazem em proveito próprio fica muito claro em cada desmando, em cada conchavo, em cada nova "obra", mas não é isso o que interessa nesse momento em que o estresse toma conta de quem tenta dormir, de quem tenta ler, de quem tenta estudar mas não consegue, porque embaixo da janela há um “carro dos ovos” com o volume de som ao máximo, que é para já ir alertando os moradores das ruas adjacentes.

Telefonar para os números indicados não adianta, porque irão dizer – como sempre acontece – que, quando a fiscalização chegar já terão ido embora.

A pergunta está feita:

Quem faz o quê? Se é que faz!

Haverá quem responda?
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quinta-feira, 27 de junho de 2019

Em Causa Própria

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Algumas vezes ficamos na dúvida em relação ao significado das palavras que se assemelham e das frases onde elas se encaixam.

Neste caso, "em casa própria" talvez não destoasse.

A desfaçatez na gestão da coisa pública chegou a tal nível, que já não mais se estranha que do nada surjam defensores pretensamente dativos, para reforçar os desmandos que acontecem em contratos firmados na calada da noite e postos em execução de afogadilho, em detrimento do interesse coletivo.

Carlos Gama.
27/06/2019 13:31:41
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quarta-feira, 26 de junho de 2019

A Escora e a Escória

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Somente a escória escora a escória.

Não, não é um joguinho de palavras, mas a triste realidade do momento que vivemos.

As leis são interpretadas a bel-prazer dos que deveriam respeitá-las e fazê-las valeram.

Os atos da escória são disfarçados ou distorcidos em benefício próprio.

O Poder Corruptivo é o mais intenso e influente dentre os Poderes do Estado. Sim, de um Estado em que o regente desnudo – ex-regente -  continua gritando de trás das grades justas: “l´État c´est moi”. E, pior, encontra coro entre os inconformados com a possível perda do acesso às fartas tetas da rês pública.

Esse é o Estado das fantasias, esse é o estado de coisas, dos coisas...

Carlos Gama.
26/06/2019 14:10:07
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sábado, 22 de junho de 2019

Ora, Vá Para a Ponta da Praia!

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É hábito antigo do santista, quando está enraivecido com alguém mandá-lo para a Ponta da Praia. Apenas forma de expressão e aproveitamento da similitude: “Ora, vá para a Ponta da Praia”... Qualquer semelhança não é mera coincidência!

Mas, do jeito que vai a coisa, não tarda o dia em que essa expressão talvez tenha uma conotação ainda mais pejorativa.

Até mesmo um dos organismos de imprensa, que abertamente defende o imbróglio entre a prefeitura e um determinado grupo empresarial, já está abrindo espaço para manchetes como a de hoje: “Trânsito na Ponta da Praia ainda é motivo de queixas”.

Analisa-se o título, depois o conteúdo e é possível que se fique na dúvida sobre o seu real objetivo. Estariam tentando transferir a imagem do caos crescente apenas para as filas da balsa, a morosidade na travessia e a sinalização falha?

Entretanto, com parte das “obras” já em curso quase retal - especialmente nas que se vêem na Avenida Governador Fernando Costa, com o estreitamento acentuado daquela via, que recebe inúmeras linhas de coletivos e trânsito intenso de outros tipos de veículos, deixando-a com capacidade para apenas duas faixas de tráfego - não se sabe até onde irão os objetivos nem sempre muito transparentes que por aqui se adotam.

Algum interesse em possíveis estacionamentos a serem criados fora do leito das avenidas?

Impossível saber por ora.

Essa barganha de área nobilíssima (para a construção de mais algumas torres de concreto) por alguns “serviços prestados” tem levado o Ministério Público a questionar a “coisa” em juízo.

Infelizmente, talvez fique apenas nisso.

Carlos Gama.
22/06/2019 21:35:13
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sexta-feira, 21 de junho de 2019

O Que Realmente Importa?

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Abro o jornal de hoje e busco a carta enviada; fico somente na esperança, pois o tema talvez não seja importante, afinal há muito tempo as calçadas já não são mais para os pedestres.

Desço o olhar um pouco mais e enveredo pela leitura da crônica de Maurílio Tadeu de Campos; o peito arfa e os olhos lacrimejam. Ele expõe com clareza a miséria de uma sociedade em franca decadência... De um lado miséria, do outro indecência.

Pouco mais adiante, no mesmo jornal, prossegue a culpa imputada a um governo de seis meses e o silêncio imoral sobre mais de uma década de venalidades e de desmandos. Teremos perdido apenas a sensibilidade e a vergonha ou foi de cambulhada também o racional?

Em vão, a nova gestão (ainda que infantil em certos pontos) tenta não deixar que se chegue ao final da ladeira enlameada, mas vai ser difícil, talvez impossível, se continuarmos a despejar baldes e baldes de água suja pelo mesmo leito escorregadio, para impedir a retomada da subida.

Afinal, questiona-se: de que lado vocês jogam? São partidários do país onde vivem ou se interessam apenas pelos próprios bolsos?

Quando alguém labuta e consegue juntar a brasas à nossa sardinha, há os que reclamam para si a ação inútil que dizem ter dez anos. Politicagem! Ah, a politiquice... Sim, apenas sinônimas!

Carlos Gama.
21/06/2019 13:52:06
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quarta-feira, 19 de junho de 2019

Mais um Pouco de Santos

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Os mais extensos e sem dúvida também os mais belos jardins em orla marítima; mal cuidados, mas ainda assim um sucesso. Mais de duzentos mil metros quadrados de jardins.

Arvoredo sustentando parasitas, mas não somente na orla, por toda a cidade as árvores definham sob o peso dos sugadores de seiva. Sim, existe mesmo uma brutal semelhança com a imagem do país.

Ainda ontem fotografei um dos espécimes de jambo, da Praça José Bonifácio. Definhando, mal podado e recoberto de enxerco (erva-de-passarinho). Parece haver uma orquestração para dar cabo da flora urbana e a ação começa pelas podas feitas a esmo, sem critérios técnicos na execução e nem mesmo na época.

E, já que estamos falando em descaso, eu gostaria de saber onde são vendidas as tampas de inspeção das redes de águas pluviais e até mesmo as grelhas de ferro dos bueiros furtadas na cidade, uma vez que não conheço por aqui nenhuma fundição. Essa é mais uma pergunta que eu gostaria de ver respondida, mas que irá ficar apenas na vontade. Afinal, há cinco gestões eu aguardo informações sobre os custos de implantação da ciclovia das palmeiras, na Avenida Dona Ana Costa. O pedido foi feito e reiterado por um dos vereadores da cidade, mas até agora nada...

O município nada em dinheiro – ou parece – e então esbanja em reformas mal feitas, em obras não fiscalizadas, em refazimento dessas mesmas obras e arcando com o sobrepreço indiscutível ou já previsto.

O Bairro da Ponta da Praia vai bem, obrigado! E os beneficiários diretos também. O caos no trânsito, o estreitamento das vias e o crescimento do concreto, à vista dos abstratos, também parece não incomodar a ninguém.

Quem encontrar um agente de trânsito vai ganhar um pirulito e se achar algum outro agente fardado, pode ganhar um refrigerante.

Alguns motoristas de coletivos urbanos conduzem os bólidos sem nenhuma preocupação com aquilo que conduzem. Sim, para esses, o passageiro deve ser tido como “aquilo”.
Em compensação, há os opostos, os motoristas sobre os quais a gente insiste com prazer em escrever para a empresa e elogiar a conduta.

Seria bem-vinda uma proposta (venha de onde vier) que obrigasse por contrato a empresa a manter uma equipe rotativa de fiscais descaracterizados, que viajariam por todas as linhas sob concessão para fazer um levantamento da qualidade do serviço prestado e os riscos de acidentes.

Bem, hoje já é amanhã; é tempo de dormir.

Carlos Gama.

20/06/2019 01:43:13
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