domingo, 26 de agosto de 2018

Cidadão

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Uma enorme parcela de nós, cidadãos, faz jus somente ao sentido mais estrito desta palavra, que é o de “morador das cidades”.

A maioria de nós, em tese, goza o direito de ser considerado usufrutuário de direitos políticos e civis, mas boa parte desse contingente não cumpre os preceitos da contrapartida prevista na definição de cidadania.

Assim não fosse, as nossas cidades seriam menos sujas, os pedestres gozariam o direito de caminharem pelas áreas que lhe são destinadas com exclusividade, sem atolarem os calçados nos dejetos ali deixados com freqüência cada vez maior pelos donos dos animais de estimação, poderiam usufruir os benefícios de estarem abrigados da inclemência do sol e teriam ainda o privilégio de ver, admirar e ouvir as aves que procuram acolhida e abrigo nas árvores que vamos destruindo sem nenhum respeito pela vida, pela nossa própria vida.

* A foto a seguir foi feita em março de 2018, quando esta aroeira ainda oferecia abrigo para as mais variadas espécies de pássaros e sombra para os passantes.


A imagem seguinte é uma foto feita hoje, 26 de agosto de 2018.


Na mesma calçada, no outro extremo do quarteirão, um outro espécime da flora (replantada depois da queda da maioria dos ingazeiros  que recobriam esse espaço) também desapareceu sob as mais diversas alegações e a área onde ela estava plantada, foi cimentada sem deixar nenhum vestígio anterior, para que se orientasse o replantio.


* O nome deste Blog é Santos Comentada. Quando digitei estas linhas, pretendi escrever que eram para o site e acabei digitando Santos Cimentada (o que não deixa de ser verdade).

Carlos Gama.

26/08/2018 13:24:28
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domingo, 1 de julho de 2018

A Prostituída, o Caos e os Pamonhas

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Foi através da prostituída de oitenta e oito que se instituiu a criação das Guardas Municipais e dos Agentes Municipais de Trânsito, figuras com mais tendência à figuração e ao atendimento a interesses de falsos representantes populares que propriamente o exercício das funções para que deveriam ter sido criados.

Filhos espúrios dessa mesma jovem senhora, os dezesseis mil e setecentos sindicatos (centenas representando a mesma categoria profissional) ajudam a sustentar o descalabro de trinta e cinco agremiações políticas - a maioria delas sem nenhuma base de pensamento ou preocupação outra que o preenchimento de vagas na atividade pública com os seus associados ou aparentados – e seus penduricalhos permanentes ou de ocasião.

Dentro desse quadro de caos instituído, a G.M. da cidade de Santos desfila quase sempre improdutiva pela orla marítima, estacionando viaturas de primeira linha sobre as calçadas e pelas alamedas dos jardins da praia. Sua função e justificativa de existência é o zelo pelo patrimônio público, o que não inclui o sossego do cidadão que sustenta a estrutura. Da mesma forma equivocada, os Agentes Municipais de Trânsito pouco ou nada fazem para ajudar a resolver os problemas com os abusos oriundos da falta de educação e do trânsito desordenado, pois cuidam basicamente da arrecadação, fiscalizando estacionamentos regulamentados e lavrando centenas de milhares de multas nem sempre fundadas ou fundamentadas.

Com a inércia ou com o mau emprego desses servidores, os aproveitadores e os “Gérsons” continuam estacionando sobre as calçadas, impedindo o trânsito de pedestres; os vendedores de ovos, de "curau", de frutas e de peixes continuam apregoando em altos brados, a qualquer hora do dia e até à noite, os seus produtos nem sempre acondicionados de forma adequada e higiênica.

A única saída para esse caos, que parece tender a continuar crescendo, é antes de tudo a consciência na hora da escolha do representante popular, mas infelizmente a maioria de nós continua votando por conta de interesses pessoais ou até por conta da simpatia de um falso sorriso distribuído nas feiras-livres em vésperas de eleições.

Ou nós acordamos para essa realidade ou vamos morrer dormindo como pamonhas.




01/07/2018 14:08:10


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segunda-feira, 25 de junho de 2018

Acefalia Administrativa

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Parece-nos que a acefalia administrativa é um fruto bichado, nascido do cruzamento do descaso de quem deveria governar, com o de quem deveria servir ao senhor (povo) que paga os seus salários.

Infelizmente, esse fruto tem se multiplicado por todo o país e por todos os setores da atividade pública direta e indireta.

Aqui, pela nossa cidade, tem-se a nítida impressão da total falta de interesse administrativo, por conta talvez do nosso descaso e do raríssimo empenho daqueles que deveriam fiscalizar as ações do gestor da coisa pública.

Hoje, em uma trajeto de alguns minutos e em pouco mais que cem metros (no Canal 3), foi possível observar o descaso do "indivíduo" e a incapacidade total ou o abandono em que se encontram os setores que deveriam fiscalizar o trânsito e o uso inadequado dos espaços públicos.

Na foto a seguir, um automóvel de uso particular, ocupava toda a largura da calçada, defronte de uma "autorizada" de serviços eletrônicos, obrigando o transeunte a usar o leito carroçável para poder transitar. Isso demonstra a inépcia da empresa  que deveria cuidar do trânsito e o desvio de função a que são submetidos os seus agentes, ocupados em outras atividades.


Na próxima imagem, também por falta de fiscalização, um caminhão que diariamente ocupa parte da calçada, que deveria ser de uso exclusivo dos pedestres e que ali permanece, depois de ter o seu interior lavado e a água com o odor de peixe escorrida pela calçada.


Essa é a cara da cidade de Santos, que já foi conhecida como a Terra de Brás Cubas e hoje é apenas terra de ninguém...
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segunda-feira, 21 de maio de 2018

DE MOENDA DE CANA

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Uma grande parcela das obras públicas executadas em Santos (só posso falar daquilo que vejo) parece ter sido projetada e supervisionada por engenheiros de moenda de cana.

Algumas vezes, a vontade que se tem é a de usar de expressões mais adequadas para classificar essas “obras”, mas seria deselegante para com o eventual leitor.

Temos escrito sobre muitas delas e também sobre os tais “aditamentos contratuais” que as oneram sem promover qualquer melhora nos projetos.

Hoje, ao invés de tomar o VLT na estação Bernardino de Campos, decidi caminhar mais um pouco e pegar o bonde na estação Pinheiro Machado.

Apesar dos desvios da rota original, no trecho compreendido entre os canais 2 (Bernardino de Campos) e 1 (Pinheiro Machado) uma calçada larga permite que se caminhe à vontade e com segurança (até o ponto em que a via carroçável cruza os trilhos), quando a calçada simplesmente acaba e a travessia se faz por cima do "gramado". Depois volta-se à calçada que já não é mais tão larga mas permite que se transite com segurança. Entretanto, chega-se a um ponto onde ela simplesmente acaba, mas, para que se possa continuar a pé e cruzar a linha férrea, há que se caminhar pelo trilho já aberto no gramado e que vira um lamaçal em dias de chuva,

Depois desse trecho e dessa travessia, chega-se ao Canal 1 e, para cruzar a primeira das pistas da avenida, há que se adivinhar quando o semáforo fecha ou quando irá abrir, porque não existe qualquer sinalização para o pedestre além da faixa (o que não é incomum).

Feita essa primeira travessia, chega-se ao outro lado do canal e há que se dividir espaço com a ciclovia que o margeia, pois o espaço reservado para a espera pelo trânsito livre, mal acomoda três pessoas, lado a lado, em um pedaço de chão tomado ao capim que tanto agrada aos gestores e que em dias de chuva é lama pura.

É o que merecemos por nos calarmos, por votarmos de olhos fechados ou em quem nos indica o mantenedor do cabresto.

Carlos Gama.
21/05/2018

quarta-feira, 16 de maio de 2018

ACEFALIA

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Houvesse espaço adequado e suficiente na imprensa, para que os leitores pudessem se manifestar a respeito de questões de interesse comum ao meio ou à sociedade em geral, com certeza haveria aumento no consumo dos jornais impressos.

Essa é uma questão para os departamentos de marketing, quando eles funcionam!

Enquanto isso não ocorre, vamos fazendo uso dos meios ao nosso dispor e que, embora não tenham o mesmo alcance, podem suprir essa deficiência.

Há décadas eu insisto em falar na necessidade cada vez mais premente de radares fotográficos em todos os semáforos do país, mas seria também eficaz o aumento das punições (cassação temporária da carteira de habilitação e aumento das penas para quem conduzisse qualquer veículo automotor se a devida permissão legal), para que o resultado fosse realmente efetivo.

Para não cansar você que está lendo estas linhas, vou me ater somente às observações feitas entre ontem à noite e esta manhã, aqui, em Santos, onde a acefalia administrativa só tem feito crescer em todos os campos, ombreando-se com o que ocorre em boa parte do país, por conta do aumento assombroso e descabido do número de partidos políticos (eram 4 em 1982 e agora - e por enquanto - são 35) cujos interesses e integrantes têm de ser atendidos com cargos públicos em todos os níveis, fazendo desse “saco de gatos” uma metástase cancerosa dentro de toda a estrutura administrativa, moral e política.

Depois de toda essa digressão, se você ainda está por aqui, vamos aos fatos observados ontem à noite – em uma passagem de ida e outra de retorno, a pé, pelo cruzamento da Rua Dr. Carvalho de Mendonça com a Avenida Washington Luiz. Tentamos cruzar a primeira dessas vias por volta das 20 h e, depois, retornando por volta das 21 h; nas duas ocasiões, automóveis cruzaram a avenida principal com o semáforo fechado em ambos os lados do canal (há um pontilhão entre as duas pistas) em total desrespeito às mais básicas regras de trânsito e sem nenhum respeito à vida de quem transita a pé.

Isso é fruto da nossa deseducação, do momento de amoralidade intensa pelo qual passa o país e da total falta de fiscalização para o trânsito. A cidade conta com uma “companhia de engenharia de tráfego” que, naturalmente também passa pelo mesmo processo de acefalia que acomete todas ou quase todas as empresas de economia mista, estatais e paraestatais atopetadas de asseclas e correligionários sem nenhuma utilidade para o funcionamento de suas estruturas.

Hoje, pela manhã, dirigi-me ao Poupatempo e, louve-se, o atendimento é sempre de nível inatacável, quando não é excepcional como o de hoje, em um guichê da Prefeitura, com atendimento nota dez (não sei se há terceirização dos serviços, mas é bem provável!).

Saí daquele local e me dispunha a atravessar a via, em direção da Praça José Bonifácio, defronte da Catedral. Como não há indicação luminosa para pedestres naquele local de muito movimento, decidi esperar que o sinal abrisse para os veículos e fiquei aguardando o próximo fechamento para fazer a travessia. Semáforo vermelho para os automóveis que seguiam em direção da Rua Brás Cubas ou iriam entrar à direita na Rua Amador Bueno, mas vários deles transitaram assim mesmo.

Os pedestres? Ora, que se danem os pedestres!
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16/05/2018 13:15:11

quarta-feira, 4 de abril de 2018

DONA SU

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Vi-a ontem, no saguão do SESC-Santos, sentada em uma daquelas poltronas estofadas com tecido azul.

Eu aguardava a chegada de meu filho com minha nora e sentei-me próximo de Dona Su para ler um pouco enquanto eles não chegavam; chovia...

Ela estava sentada em uma poltrona de três lugares, bem defronte do local onde se revalidam as carteiras da entidade. Ao lado dela, um rebento que deveria ter o mesmo sangue mantinha as patinhas calçadas em cima do assento. Deitado, as laterais do calçado ficavam encostadas no tecido e, quando ele se sentava, eram as solas que se apoiavam no assento. Fiz uma foto e coloquei no Twitter, acompanhada dos meus comentários.

Hoje fui ao médico acompanhar minha mulher e na sala de espera também encontrei Dona Su um pouco mais velha. O bacorinho deveria ser o seu neto. Os dois ocupavam uma poltrona de quatro lugares; ela escarrapachada ocupava dois assentos e o futuro cachaço outros dois, também com as patinhas calçadas sobre o assento.

E uma vara dessas espera que os políticos que os representam sejam diferentes.

É impossível!

04/04/2018 16:27:31