quinta-feira, 30 de abril de 2020

Colcha de Retalhos

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Alguns dos moradores da nossa rua vão colocando apelidos nela, por conta da situação sempre precária em que se encontra o calçamento, o asfalto.

Já foi chamada de rua dos remendos, de praça de guerra ou zona de bombardeio e agora, depois de mais uma sessão bianual de reparos precários anteontem, vem sendo chamada de colcha de retalhos.

Remendos, tanto os mais antigos quanto os mais novos sabem o que são, prescinde de explicações.

Praça de guerra ou zona de bombardeio, por causa do nome da rua, que pretende homenagear um soldado constitucionalista, nascido em São Vicente e morto em campo de batalha. Sim, Pérsio de Queiroz Filho foi um combatente em 32.

Colcha de retalhos, com certeza os mais jovens só sabem o que é, por ouvir falar; foi-se o tempo!

Foi-se o tempo em que as dificuldades financeiras, aliadas à criatividade das “avózinhas”, construíam as colchas de retalhos de tecidos; pedaços recortados de forma simétrica e costurados com o capricho e a maestria de quem sentia ter todo o tempo pela frente e muito amor para compartir.

Algumas dessas senhoras, que já não são as de hoje, tinham imensa habilidade com todo o tipo de agulhas, fazendo costuras, cerziduras, crochê ou tricô.

Com a mesma desenvoltura com que tricotavam casacos e outros agasalhos para filhos e depois para os netos, essas avózinhas construíam as mais afamadas e desejadas “colchas de retalhos” com sobras de lã, e o fruto desse trabalho amoroso iria recobrir as camas com o calor da amorosidade e dos quadriculados multicores.

Sim, são somente lembranças... Muito boas lembranças de épocas e de gentes de antigamente.

Carlos Gama.
30/04/2020 11:32:44

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