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A Santa Casa de Misericórdia de Santos, assim como algumas
outras Santas Casas país afora, está com as calças nas mãos (não há termo mais
correto, apesar de sua crueza e aparente grosseria).
Poder-se-ia até
falar em falha gerencial, mas nos parece descabido que todas elas estejam em
situação semelhante; endividadas até o pescoço, pondo em risco total o seu
patrimônio e deixando-as em ponto de fecharem as portas.
É descabido e
inaceitável que as mazelas das administrações públicas, assim como a
irresponsabilidade e a insensibilidade da classe política ponham em risco –
maior, agora - a existência de um hospital que resistiu a tantos momentos
históricos ao longo de quase quinhentos anos. Isso mesmo! Quase cinco séculos,
que serão - ou seriam - completados dentro de alguns anos. Sim, o hospital da
Santa Casa de Misericórdia de Santos foi erigido por Brás Cubas no Século XVI
(a obra foi concluída em 1543) e a incompetência, o descaso, a insensibilidade
e a venalidade dos gestores da coisa pública poderão levar esse legado
monumental a "baixar as cortinas".
Aí, então, não
faltará mais nada de que nos envergonharmos.
A história do
desgoverno na administração pública – que não é de hoje – vem fazendo do
Sistema Único de Saúde uma verdadeira cartola de mágicos, de onde cada um deles
vai sacando o que queira.
Contratos
espúrios com fornecedores de bens e de serviços, medicamentos com valores
superfaturados em manobras contábeis descabidas, somadas à aquisição criminosa
de milhares de veículos que apodrecem sem uso por terrenos baldios, acabam
desequilibrando as contas; o “acerto” se faz com o pagamento de valores
irrisórios por serviços prestados por esses hospitais.
“Santas Casas”, as que atendem a esse sistema
caótico e falido, minam a própria saúde como se a benemerência fosse um único
fim em si mesmo ou a serviço do interesse de alguns.
A saúde roga por
milagres e as Santas Casas, por misericórdia.
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