terça-feira, 15 de julho de 2014

SUS - Uma Cartola de Mágico

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A Santa Casa de Misericórdia de Santos, assim como algumas outras Santas Casas país afora, está com as calças nas mãos (não há termo mais correto, apesar de sua crueza e aparente grosseria).

Poder-se-ia até falar em falha gerencial, mas nos parece descabido que todas elas estejam em situação semelhante; endividadas até o pescoço, pondo em risco total o seu patrimônio e deixando-as em ponto de fecharem as portas.

É descabido e inaceitável que as mazelas das administrações públicas, assim como a irresponsabilidade e a insensibilidade da classe política ponham em risco – maior, agora - a existência de um hospital que resistiu a tantos momentos históricos ao longo de quase quinhentos anos. Isso mesmo! Quase cinco séculos, que serão - ou seriam - completados dentro de alguns anos. Sim, o hospital da Santa Casa de Misericórdia de Santos foi erigido por Brás Cubas no Século XVI (a obra foi concluída em 1543) e a incompetência, o descaso, a insensibilidade e a venalidade dos gestores da coisa pública poderão levar esse legado monumental a "baixar as cortinas".

Aí, então, não faltará mais nada de que nos envergonharmos.

A história do desgoverno na administração pública – que não é de hoje – vem fazendo do Sistema Único de Saúde uma verdadeira cartola de mágicos, de onde cada um deles vai sacando o que queira.

Contratos espúrios com fornecedores de bens e de serviços, medicamentos com valores superfaturados em manobras contábeis descabidas, somadas à aquisição criminosa de milhares de veículos que apodrecem sem uso por terrenos baldios, acabam desequilibrando as contas; o “acerto” se faz com o pagamento de valores irrisórios por serviços prestados por esses hospitais.

 “Santas Casas”, as que atendem a esse sistema caótico e falido, minam a própria saúde como se a benemerência fosse um único fim em si mesmo ou a serviço do interesse de alguns.

A saúde roga por milagres e as Santas Casas, por misericórdia.

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