terça-feira, 26 de maio de 2015

DESCAMBANDO

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O sol já descamba no horizonte, mas os termômetros acusam 40 graus; o dourado se reflete nos vidros das casas e de alguns edifícios, ali por onde vamos.

O ônibus, tomado na Ponta da Praia, já serpenteou pela região do Mercado de Peixes e, agora, nos transporta pela Afonso Pena, entre o “parquinho” e o canal 4.

Parado no ponto, ele nos permite ver a senhora lavando o quintal com uma mangueira; talvez ela só assista os programas de auditório e o bordel do Bial. Não sabe, ainda, que já há racionamento de água na região do ABC e de Guarulhos. Quem sabe ela saiba, mas talvez seja daquelas que pensam: “que se foda!”. Antes de faltar água por aqui, vai faltar no São Bento ou na Zona Noroeste.

Quem quiser banho, que vá tomar no Macuco.

O faxineiro do prédio em frente, cuida da higiene das áreas internas e de racionamento sequer ouviu falar.

No Brasil, parece que tudo é permitido. As regras são mesmo feitas para serem descumpridas e dar evidência a seus autores, esses inúteis que vivem à custa do erário e de “empresários” financiadores de campanhas...Políticas.

Mais à noite, ainda dentro de um ônibus, um grupo de jovens – dois meninos e quatro meninas – de uns doze e no máximo catorze anos de idade, entrou no coletivo, na altura da Oswaldo Cochrane com a avenida da praia, sobraçando embrulhos com garrafas de bebidas alcoólicas. Desembarcaram na altura da Mato Grosso e se dirigiram para a Lobo Viana, região onde acontecem as badernas noturnas em períodos letivos.

Gente da mesma idade daquelas que se reúnem nas bordas dos canais, junto ao mar, geralmente à noite, para encher os pulmões de fumo ou quem sabe de que produtos outros, dos quais não se sente o cheiro...

A sociedade vai descambando e ninguém sabe, ninguém vê, mas todo mundo tem mania de ir chorar em velório.
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