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O sol já descamba no horizonte, mas os termômetros acusam
40 graus; o dourado se reflete nos vidros das casas e de alguns edifícios, ali
por onde vamos.
O ônibus, tomado na Ponta da Praia, já serpenteou pela
região do Mercado de Peixes e, agora, nos transporta pela Afonso Pena, entre o
“parquinho” e o canal 4.
Parado no ponto,
ele nos permite ver a senhora lavando o quintal com uma mangueira; talvez ela
só assista os programas de auditório e o bordel do Bial. Não sabe, ainda, que
já há racionamento de água na região do ABC e de Guarulhos. Quem sabe ela
saiba, mas talvez seja daquelas que pensam: “que se foda!”. Antes de faltar
água por aqui, vai faltar no São Bento ou na Zona Noroeste.
Quem quiser
banho, que vá tomar no Macuco.
O faxineiro do
prédio em frente, cuida da higiene das áreas internas e de racionamento sequer
ouviu falar.
No Brasil,
parece que tudo é permitido. As regras são mesmo feitas para serem descumpridas
e dar evidência a seus autores, esses inúteis que vivem à custa do erário e de
“empresários” financiadores de campanhas...Políticas.
Mais à noite,
ainda dentro de um ônibus, um grupo de jovens – dois meninos e quatro meninas –
de uns doze e no máximo catorze anos de idade, entrou no coletivo, na altura da
Oswaldo Cochrane com a avenida da praia, sobraçando embrulhos com garrafas de
bebidas alcoólicas. Desembarcaram na altura da Mato Grosso e se dirigiram para
a Lobo Viana, região onde acontecem as badernas noturnas em períodos letivos.
Gente da mesma
idade daquelas que se reúnem nas bordas dos canais, junto ao mar, geralmente à
noite, para encher os pulmões de fumo ou quem sabe de que produtos outros, dos
quais não se sente o cheiro...
A sociedade vai
descambando e ninguém sabe, ninguém vê, mas todo mundo tem mania de ir chorar
em velório.
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