quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Padrão Tiririca

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Saíramos de casa, passados vinte minutos do meio-dia, com destino um consultório médico na Avenida Dona Ana Costa, em Santos.

Ventava frio e caminhávamos depressa.

Quando chegamos ao cruzamento da rua Olinto Rodrigues Dantas, com a Avenida Ana Costa, o semáforo fechou para o trânsito dessa avenida e para os transeuntes no mesmo sentido.

Quando o primeiro dos automóveis, vindo da transversal, iniciou o cruzamento da via principal (onde os outros veículos já estavam parados na faixa de segurança), ele quase atingiu a lateral de uma perua escolar de número 174 (um veículo meio antigo), que ultrapassou pela direita os que estavam parados e cruzou no vermelho.

Uma ação criminosa e sem sentido, para ficar parado no cruzamento seguinte, com a Rua Dr. Carvalho de Mendonça.

Depois de mais um tanto de caminhada, também chegamos a esse cruzamento, atravessamos a primeira faixa de rolamento – na direção do Lar das Moças Cegas – e ficamos retidos no canteiro central, porque a abertura do semáforo para pedestres (entre eles, os deficientes visuais) se dá por raros segundos, no outro lado da via, que é para não reter em demasia os veículos automotores. Ao nosso lado, um casal de deficientes visuais ficou impaciente e o rapaz ia tentar atravessar, quando eu lhe disse que aguardasse. A maioria dos não deficientes acaba correndo o risco e atravessando no vermelho, porque o desinteresse ou a incapacidade dos gestores da coisa pública leva a isso.

Privilegiam o veículo automotor em detrimento do cidadão a pé.

Se você escrever para um jornal (como já aconteceu várias vezes) e ele publicar a sua observação, a resposta dos “responsáveis” invariavelmente abordará as estatísticas e os “padrões” europeus. Tomara os políticos brasileiros levassem em conta os padrões europeus na hora dos desmandos, dos salários e da produtividade.

Chegamos ao consultório e a televisão já estava ligada.

Abrimos cada um o seu livro e aguardamos.

Não demorou muito para entrar no ar a propaganda política “padrão Tiririca”, levada a cabo pelos dois partidos concorrentes à presidência da república.

Em matéria de nível de propaganda, fica difícil saber qual a pior.

Na hora da escolha, só poderemos nos pautar, mesmo, pelos exemplos mundo afora...
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