segunda-feira, 17 de junho de 2013

Miscelânea

.
.
.
Uma longa mistura de massa encefálica com campanha do agasalho

Sai-se pela manhã, como todos os dias, desta vez a caminho de um exame de sangue. Ah! Quando a idade bate...
Lá vamos nós “pulando amarelinha”, tentando ter atenção aos buracos e nos desníveis nas calçadas - porque um tombo nessa idade, se não for fatal gera uma série de transtornos – e nos desviando, quando possível do festival de material encefálico humano (cocô de cachorro) que recobre cada vez mais as calçadas da cidade.
Seis quarteirões adiante, na avenida Ana Costa, tomamos um ônibus que vinha de São Vicente e que nos deixaria na Vila Mathias, local da coleta de sangue.
Os assentos preferenciais estavam todos ocupados...
Fomos lá para o fundão do coletivo. Um jovem que estava sentado junto ao corredor, logo se desloca para junto da janela, cedendo aquele lugar para minha companheira. 
No banco da frente, um outro passageiro, não tão jovem, não tão magro e não tão branco se desloca também, mas eu agradeço e justifico com a nossa descida logo adiante. 
Ele não era tão magro, eu também não e esses bancos estreitos com braços, geram muito desconforto, especialmente entre os homens. Haja saco!
Ele insiste em se levantar para que nós dois nos sentemos juntos. Agradeço e reitero a nossa descida próxima; ele continua lendo o seu jornal e eu fico em pé. Seis pontos de parada depois, ao nos prepararmos para descer, eu aproveito para agradecer as gentilezas. Eles sorriem e o mais “forte” nos deseja boa semana (eu não compreendo), mas minha acompanhante retribui os votos. Seguimos comentando a existência, ainda, de gente educada...Uma minoria, mas existe.
No local azado recebemos nossa senha de atendimento e nos sentamos para esperar, batendo papo. Quando chega a vez dela ser atendida eu abro o meu livro e me delicio com a leitura e com as conjeituras sobre a fidelidade do povo e de nosso país aos maus costumes, arraigados talvez no nosso DNA; afinal, Lima Barreto era expert em mostrar as mazelas da sociedade de seu tempo (parece ter escrito anteontem, essas linhas publicadas no início do século passado).
Após o atendimento, saímos, comigo resmungando por conta de uma parideira bem arrumada, que não dava atenção ao seu bezerrinho que brincava alegre, com a porta eletrônica do local de atendimento, vendo-a abrir e fechar dezenas de vezes seguidas.
Caminhamos um pequeno trecho, sempre observando os desmandos e atravessamos no sinal verde, na faixa de segurança e esperamos a abertura do outro lado da via de mão dupla. Em Santos, as alimárias que cuidam do trânsito, há nos, não conseguem coordenar a abertura dos semáforos de pedestres, em vias de duas pistas. Nem todos têm paciência para esperar e os acidentes acabam acontecendo em maior número.
Já no ponto de parada, do outro lado da avenida, pudemos ver como alguns velhos e outros não tão velhos - para economizarem dez ou vinte passos - atravessam a dez metros da faixa de pedestre, cruzando o velho abrigo de bondes.
Chega o ônibus, que minha mulher pensou ser de turismo (a pintura de novos trambolhos mudou, colocaram ar-condicionado e wi-fi – eu nem sabia o que era isso). 
O outono troca de lugar com o inverno na próxima semana e nesta segunda vez que faço uso de um desses “modernos” coletivos, é que eu acabo entendendo realmente o que significa a “Campanha do Agasalho”, promovida pela Prefeitura Municipal de Santos em sociedade com a Piracicabana. 
Já com dor de cabeça, descemos três pontos adiante e seguimos a pé.
Nossos cumprimentos, senhor Prefeito!
.
.
.

Nenhum comentário: