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Não diga que eu
falei, porque refuto.
Não falei,
escrevi.
Sim, escrevi
porque há várias razões para isso.
Escrevi porque
posso me expressar sem que deva controlar o meu emocional;
Escrevi, porque
a palavra impressa não pode ser desmentida, seja por um, seja por outro;
Escrevi, mas
posso desdizer o que está grafado e esse é o signo daqueles que pensam, que
raciocinam, que analisam e não se envergonham de reconhecer o engano e de
retornar sobre os próprios passos;
Não diga que eu
falei, porque ainda que possa tê-lo feito, as palavras se perdem no éter, na
desmemória ou até na fúria de um momento de desatino e eu posso realmente não
me lembrar e por isso escrevo, escrevo, escrevo até de forma compulsiva, porque
esse desabafo acalma o meu espírito e não afronta a ninguém que não leia os
meus pensamentos;
Penso, penso, penso
sempre tão rapidamente, que quando chego até aqui, ao computador, muitas vezes
já não me lembro daquilo que pretendia expressar, por isso me agradam mais a
caneta e o papel;
Chego até aqui e
as cenas já estão confusas, são pinceladas soltas na tela em branco da minha
memória provecta, mas eu me lembro de ter pensado na frase “malhar em ferro
frio”, porque ela me conduziu às lembranças das muitas ferrarias que conheci ao
longo de uma vida de menino apaixonado por cavalos, pelo seu relincho, pelo seu
cheiro, pelo seu olhar geralmente amigo, pelo seu dorso acolhedor...
Perco-me aqui,
porque o carro dos ovos chegou... São quarenta avos... E
não há quem fiscalize essa baderna em que vai se transformando
a cidade.
Volto à ferraria
e a memória visual do menino traz a imagem de uma barra de ferro cortada no
tamanho exato para a confecção de uma ferradura, vejo-a na forja, avermelhando até
ao ponto de ser malhada; volta a pequena barra às garras da torquês de cabo
longo... E, o carro dos ovos chegou... Pode
um cidadão pensar em paz?
Avermelhada ao
ponto exato vai a matéria-prima para a bigorna, onde a marreta manuseada com a
maestria de anos e anos de prática diária lhe arredondará as formas.
Dane-se o carro
dos ovos, que não silencia; danem-se todos os que mamam nas tetas da rês
pública e não fazem por merecer.
Depois vêm as
eleições e você achará de dizer que eu devo continuar votando, porque as coisas
precisam tomar um jeito. Sim, as coisas que tomam jeito são as contas
bancárias, as propriedades, as comissões e o diabo a quatro, mas o carro dos
ovos chegouuuuuuuuuuuuuuu...
Carlos Gama.
15/06/2019
10:41:26
* Por respeito a você, algumas expressões mais duras foram retiradas ou substituídas, mas a raiva e o inconformismo permanecem.
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