sábado, 15 de junho de 2019

Operação Pancake

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Comecemos por explicar o significado do termo "pancake", que no idioma inglês quer dizer panqueca e no idioma português do Brasil nomeia um tipo de maquiagem, um tipo de massa, uma base espessa e cremosa, que é aplicada para encobrir as imperfeições na pele humana.

Houve época em que era comum o uso da expressão “operação pancake”, quando uma jovem se preparava para um baile e fazia uso de desodorantes, perfumes e maquiagens, ao invés de enfrentar o chuveiro.

Há aproximadamente cinco gestões públicas na cidade de Santos, quando se tornou prática maquiar as imperfeições nos próprios municipais (incluam-se aí os prédios públicos, os teatros, as ruas, as avenidas, as ciclovias e as calçadas a seus cuidados), batizou-se esse tipo de intervenção “meia-boca” de “operação pancake”, porque eram remendos pelos quais se pagava o preço das obras feitas com critério e seriedade, mas apenas disfarçavam a realidade.

Com início nesse mesmo período, desde a licitação para absorção da área do pátio de manobras da Estrada de Ferro Sorocabana, outras práticas também se tornaram comuns e cada vez mais freqüentes, mas ficaram à sombra da derrocada moral pela qual passou o país durante esse mesmo período.

A salvação ou o aterro desse fosso fétido, só está sendo possível após a implantação da Operação Lava Jato, seus desdobramentos e os primeiros resultados, que a seu tempo também deverão chegar por aqui.

Enquanto não nos alcança tal fortuna, confiemos nas tentativas do Ministério Público Estadual que, embora peleje com denodo, ainda não tem conseguido alcançar os resultados esperados.

Dada a morosidade com que caminham os trâmites institucionais, os interessados no jogo aprenderam muito sobre as vantagens de se projetar as intervenções na calada da noite e iniciar de pronto a sua execução, mesmo ao arrepio das regras ou das tentativas oficiais de se interromper a trama. Os frutos podres desse aprendizado danoso ao interesse coletivo vão adiante, prosseguem porque a alegação de perda sobre o que já foi investido, usualmente acaba sendo funcional, acaba sendo aceito como justificativa e atende aos interesses daqueles que sabem driblar as regras e silenciar os eleitos pelo voto popular para fiscalizarem as ações do Poder Executivo.

Carlos Gama.
16/06/2019 00:12:59
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