.
.
Nascemos e fomos criados, da metade do século passado para
cá, sem muitos luxos, sem muitas inúteis dependências, mas crescemos saudáveis,
não nos escravizamos ao consumismo e aos ditames dos que nos vêem como gado a
ser tocado ao som do berrante.
Gosto do que
gosto e me pauto pelo consumo daquilo que está ao meu alcance, me agrada ou não
me faz mal.
O calor tem sido
intenso, mas não temos ar condicionado porque ele faz mal a quase todos nós.
Temos ventiladores de teto, mas são usados como exaustores, para fazer circular
o ar. O vento direto – disse-o em uma croniqueta já antiga – somente o que vem
ao peito e ao rosto no tocar de uma motocicleta ou aquele que nos presenteia no
mar aberto, na proa de uma embarcação.
Por esses
motivos e não pela minha idade, como talvez venham a dizer alguns, fujo dos
ares condicionados e não embarcava mais nos ônibus 154 e 155, porque aquele
descontrole de temperatura me fazia mal.
Dia destes, por
necessidade e falta de opção tomei um deles na Ana Costa mas, depois de mudar
de lugar várias vezes, acabei descendo bem antes do meu destino, tal o frio que
ali fazia. Esperei por outro, de outra linha...
Sentei-me ao lado de uma senhora
e comentei a estranha e desagradável aventura. Ela era da mesma opinião e também
não mais viaja nesses ônibus areados e “wifizados”, feitos para a turma do
dedão. O frio lhe ataca a garganta e já a deixou com gripe (se os doutos
administradores pesquisarem, talvez cheguem a ver que vai crescer muito o número
dos gripados nos ambulatórios municipais, especialmente agora quando as linhas
“arejadas” já são muitas).
Ontem tomamos um
dez para ir votar e era um desses novos, “afrescalhados” e, pior, nos mais
novos, os degraus são mais altos, mais distantes do chão e eles têm somente
duas portas (como os de antigamente), dificultando a locomoção interna. Faz uma
tremenda falta aquela porta do meio.
Entretanto, vocês que não sabem o que é andar de
ônibus, nem irão perceber. E, se andassem, também talvez nem notassem, porque
vivem no alheamento das funções públicas, andando em automóveis pagos por nós
e, ainda pior, acabam reeleitos pela nossa incompetência em escolher, porque
vamos no embalo das propagandas ou ao som grave/agudo dos berrantes boiadeiros.
Se vocês
andassem a pé ou de ônibus, ao menos um dia na semana, teriam percebido os
carros estacionados irregularmente (como nas fotos acima) ou o buraco junto ao meio-fio
(nestas, abaixo):
.
.
.