terça-feira, 17 de setembro de 2013

Cenas da Cidade

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Faz-se cada vez mais cena...

Encena-se a peça sem ensaio; está no sangue, é herança.

A platéia digere o “teatro” como o pão que sustentaria os famintos; aplaude e submissa sorri, curva-se e agradece.

Vemos o que querem que vejamos, repetimos o que querem que repitamos e dançamos...

O túnel é promessa que não sai do buraco, mas os murídeos já se coçam...

Às vezes - raras vezes - nos perdemos ou perdemos o compasso e acabamos vendo o que só nos é dado a enxergar em momentos ímpares e do mais puro descuido.

E aí vemos que cada veículo transitando - ou não - pela cidade, está recoberto por uma fina camada de pó esbranquiçado; pó que, com certeza revoa de cada uma das centenas de torres de concreto que ainda vão sendo erguidas sob o silêncio alheio dos abstratos. 

Ah, os contratos! Os ratos...

A cena é clara, mas acaba invisível em terras onde os caolhos são reis.

Por quarenta anos as dalas graneleiras despejam poeira sobre uma Ponta da Praia habitada quase tão somente por gente humilde...”que vontade de chorar!”.

Hoje, transmutada em bairro nobre, onde o dinheiro circula com fartura e influência, o pó das dalas – só das dalas – incomoda, corrompe a saúde e ressuscita os poderes, já prontos para mudarem o mundo e salvarem a pátria, que amada tilinta, sonora e servil.

Acorda, Brasil!
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