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Faz-se cada vez
mais cena...
Encena-se a peça
sem ensaio; está no sangue, é herança.
A platéia digere
o “teatro” como o pão que sustentaria os famintos; aplaude e submissa sorri, curva-se e
agradece.
Vemos o que
querem que vejamos, repetimos o que querem que repitamos e dançamos...
O túnel é
promessa que não sai do buraco, mas os murídeos já se coçam...
Às vezes - raras
vezes - nos perdemos ou perdemos o compasso e acabamos vendo o que só nos é
dado a enxergar em momentos ímpares e do mais puro descuido.
E aí vemos que
cada veículo transitando - ou não - pela cidade, está recoberto por uma fina
camada de pó esbranquiçado; pó que, com certeza revoa de cada uma das centenas
de torres de concreto que ainda vão sendo erguidas sob o silêncio alheio dos
abstratos.
Ah, os contratos! Os ratos...
A cena é clara,
mas acaba invisível em terras onde os caolhos são reis.
Por quarenta
anos as dalas graneleiras despejam poeira sobre uma Ponta da Praia habitada
quase tão somente por gente humilde...”que vontade de chorar!”.
Hoje,
transmutada em bairro nobre, onde o dinheiro circula com fartura e influência,
o pó das dalas – só das dalas – incomoda, corrompe a saúde e ressuscita os
poderes, já prontos para mudarem o mundo e salvarem a pátria, que amada
tilinta, sonora e servil.
Acorda, Brasil!
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