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São os ralos maiores que as bicas, os responsáveis diretos
por muitos dos problemas sociais pelos quais passa o nosso país.
Quando ainda
carregava comigo algumas ilusões, eu gostava de discutir, até mesmo nos bancos
universitários, os problemas quase inenarráveis do sistema prisional
brasileiro.
Por ter o hábito
de me referir a esse cancro social, como “sistema prisional”, eu ouvi certa vez
de um dos professores, que não existia sistema prisional no Brasil, apenas
prisões e da mais pior espécie.
Eu abandonei o
curso no meio do caminho, mas não me alheei dessa e de outras questões, que são
dependentes da seriedade do gestor da coisa pública, da sensibilidade em todas
as áreas de operação do direito e especialmente de uma responsável atuação do
legislador, que é quem tem o poder delegado de construir um elenco legal
eficiente e exeqüível.
A frase “preso
não tem família” marca a minha história, a minha memória e a minha trajetória
de vida, porque ela foi uma das responsáveis por momentos de necessidade
física, que envolveram a fome e a insegurança sobre um abrigo como moradia.
Todavia não são
essas memórias que até aqui me conduzem; eu aqui chego, tentando trazer uma
visão crítica sobre a insegurança que se abate sobre a sociedade brasileira
(não é de hoje!), sobre as razões de sua existência e a interligação gerada
pelo desrespeito às leis e ao próximo e ainda pela impunidade que grassa entre
os que mais transigem, quando deveriam dar os melhores exemplos.
Tenho vivência,
mas não tenho uma láurea que me conceda o direito de falar sobre regras
jurídicas; tenho, todavia e aguçado, o alcance visual e o do intelecto, que
mostram claramente que cada ser humano enviado para cárceres como os que
mantemos, só pode mesmo se aprimorar na senda criminosa.
Ou, será que poderíamos
esperar outra coisa de um jovem sem eira nem beira, que enveredou pelo caminho
do atropelo às regras sociais e por isso é confinado em uma jaula, sem qualquer
condição mínima de sobrevivência digna, como forma de resgate da falta cometida
e preparação para reinserção ou retorno ao convívio social?
Enquanto as
verbas das construções de um sistema penitenciário são desviadas, as licitações
são fraudadas e os nosso olhos se fecham comodamente, alguns muitos homens
públicos se locupletam fartamente com o fruto dos desvios e dos assaltos
descarados ao erário, como hoje noticia a imprensa, sobre dados oficiais vindos
da Suíça, a respeito dos quase sessenta milhões de reais mantidos em conta
numerada naquele país por um funcionário da estatal petrolífera nacional, a
PETROBRAS.
Enquanto um
pequeno cubículo, em estabelecimento penal provisório, acolhe 40 detentos em
espaço destinado a 12, um membro do Tribunal de Contas do Estado mantém milhões
e milhões de dólares em conta corrente, também na Suíça.
Eu sei que
deveria ir adiante, mas as mazelas são muitas, cada vez maiores, cada vez mais
inomináveis e você não teria paciência nem estômago para continuar lendo, entretanto é preciso que todos vejamos, que todos saiamos da sombra cômoda e
do silêncio covarde, para que seja possível dar os primeiros passos para tentar
mudar esse quadro que a todos nos afeta.
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