segunda-feira, 5 de maio de 2014

Impactos Ambientais, Sociais e Morais

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Eu escrevi este longo título há algumas horas, porque não queria me esquecer dos pensamentos que percorriam a minha cabeça naquele momento e eu sabia que não poderia desenvolver de imediato o conteúdo.

Eu revia as cenas dos incêndios mais recentes em algumas das favelas da cidade. Revia também, a imagem das favelas que rodeiam as instalações da siderúrgica em Cubatão, invadindo áreas de preservação ambiental. Lembrei-me de seu surgimento e de seu crescimento desmedido, quando a empresa levou adiante um "programa de demissão voluntária" dos empregados que haviam construído através de um sindicalismo forte, um também sólido mercado de trabalho onde a remuneração era digna. 

Com a saída desses empregados mais antigos, as vagas foram sendo preenchidas por novos “chegantes”, trazidos das regiões mais miseráveis do extremo norte da região sudeste, onde o quebrar pedras é o único meio de sobrevida ou das regiões mais áridas do nordeste.

Esses novos trabalhadores foram acolhidos em contêineres metálicos transformados em alojamentos, comiam das marmitas fornecidas pela empresa e conseguiam enviar o salário aviltado para manter a família sobrevivendo na própria região de origem.

Os meses foram passando e alguns deles acabaram arrumando mulher e fazendo filhos por aqui mesmo, construindo seus barracos nas encostas da região. Outros foram trazendo suas famílias originais e também se acomodaram como os outros, criando um novo bairro e recebendo apoio “moral” dos politiqueiros cheios de promessas vãs e de ganância pelo poder.

Ocorreu-me também pensar no impacto ambiental das construções de centenas de novos edifícios nas cidades da região, especialmente em Santos e foi aí que eu encontrei o caminho do crescimento desmedido das favelas que vêm pegando fogo nas últimas semanas.

Reli uma matéria, no jornal de hoje, sobre a primazia na elaboração de um Projeto de Impacto Ambiental...Pois sim!

Gostaria eu de ver o resultado do impacto (que ainda vai acontecer, apesar de minimizado), antes das oportunas alterações no traçado do VLT, que colocarão o "empreendimento" na cara de uma nova via, valorizando-o e reduzindo o brutal impacto que ocorreria na pequena rua (Barão de Paranapiacaba) que fica defronte dessa "obra".  Um trecho de rua, encravado entre duas das mais movimentadas avenidas da cidade, faria daquele pedaço uma amostra da balbúrdia que toma conta da cidade.

Agora, com as alterações havidas pela ação de poderosos intermediários, o conglomerado vai ter uma nova saída, uma nova avenida, construída à beira do muro dos fundos do projeto original. Nada como a influência, ainda que nefasta, do dinheiro farto.

Imagine-se a construção de três torres (três blocos de concreto), um deles recebendo um hotel com 234 quartos; um edifício de moradia com 106 apartamentos e um bloco com 290 unidades de escritórios; tudo isto em uma rua estreita, movimentada e que já conta com vários edifícios de moradia, além de uma universidade.

O poder de uns e a irresponsabilidade de outros são capazes de comprar e construir um inferno para a maioria...Uma maioria silenciosa e covarde, que acaba merecendo o fruto de sua omissão e de seu descaso.


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Em evidência (vermelho), a área mencionada no final do texto

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